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Banco Central reduz taxa básica de juros após quatro anos

O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu baixar de 14,25% para 14%

JC Online
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Publicado em 19/10/2016 às 18:50
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O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu, nesta quarta-feira, 19, por unanimidade, reduzir a taxa básica de juros, a Selic, em 0,25 ponto porcentual, para 14% ao ano.

A redução vai ao encontro da expectativa da maioria do mercado financeiro, segundo pesquisa do Broadcast Projeções. A próxima reunião do Copom está marcada para os dias 29 e 30 de novembro.

REFLEXOS DA SELIC NA ECONOMIA

Para o cidadão comum, a redução da taxa básica de juros é uma boa notícia para quem faz dívidas de cartão de crédito, cheque especial ou toma empréstimos bancários. A queda também reflete nesse juros, que caem juntos.

Barateia também dívidas e custos das empresas, o que consequentemente também pode baixar os valores dos produtos finais dessa empresas, favorecendo o consumidor final.

DECISÃO CONSERVADORA NA SELIC

O Banco Central optou pela decisão mais conservadora ao cortar a taxa básica de juros em 0,25 ponto porcentual após mantê-la em 14,25% ao ano por 15 meses consecutivos, disse economista-chefe da XP Investimentos, Zeina Latif. "Confesso para você que achava que tinha espaço para uma redução de 0,50 ponto porcentual. Acho que foi uma decisão reputacional", observou. 

O resultado, reforçou ela, foi o de um BC que está investindo em manter a boa reputação, em não perder credibilidade. "Entendo que caberia muito bem 0,50 ponto porque temos tido boas surpresas nos trâmites de reformas, com esforços do governo para aprovar a PEC do Teto e da Previdência. Além disso, temos um ambiente externo e câmbio favoráveis. Os vetores são para baixo", justificou Zeina.

Quanto à atividade, Zeina disse acreditar estar mais preocupada com o assunto do que parece estar a autoridade monetária. A economista afirmou não ver crescimento tão cedo. "Por este aspecto, não vejo demanda pressionando a atividade." 

Zeina acrescentou que o BC, na linha de manter a reputação, não se comprometeu com um corte de 0,50 ponto na próxima reunião do Copom, como se estivesse dizendo que, se as coisas não avançarem, manterá a toada de cortes de 0,25 ponto. "Vai analisar os dados que sairão até o próximo Copom para decidir se eleva a magnitude do próximo corte", concluiu.Força Sindical avalia que Copom errou na dose

CENTRAL SINDICAL DIZ QUE COPOM ERROU NA DOSE

A Força Sindical avaliou que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central acertou no remédio, mas errou na dosagem, ao reduzir a taxa de juros Selic em 0,25 ponto porcentual.

Para a entidade, o corte na taxa de juros é muito pequeno. "A redução é positiva, mas insuficiente. O que podemos comemorar é que a redução do índice reflete a pressão da sociedade, em especial a do movimento sindical, que, constantemente, tem-se manifestado totalmente favorável a uma queda drástica na taxa Selic", diz a entidade em nota. 

A expectativa da Força Sindical é que a queda anunciada pelo Copom seja o início de uma nova etapa com juros mais baixos "Reduzir os juros é um primeiro e decisivo passo rumo à recuperação da economia nacional."

Presidente da Fiesp diz que 'faltou coragem'

O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, criticou em nota a decisão anunciada pelo Banco Central de reduzir a taxa Selic em 0,25 ponto porcentual. "Redução dos juros é sempre bem-vinda, mas a timidez do corte de 0,25 ponto porcentual mostra que faltou coragem ao Banco Central para um corte maior da taxa de juros", comentou. 

Skaf argumentou que, como a expectativa para os próximos 12 meses é de inflação de 5%, a taxa de juros real estaria em torno de 9% ao ano. "O Banco Central do Brasil não se preocupa com os 12 milhões de desempregados", afirmou.

ACSP

O presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp), Alencar Burti, elogiou, em nota, a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de cortar a taxa básica de juros em 0,25 ponto porcentual.

"A decisão de reduzir a taxa Selic foi acertada, pois, além da continuidade da crise econômica, a inflação já está mostrando claros sinais de desaceleração, num contexto em que o ajuste fiscal avança por um bom caminho. Esperamos que seja realmente o início de um ciclo de redução dos juros, que ainda se encontram em patamar elevado", afirmou Burti. 

CNI

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) avaliou que a redução de apenas 0,25 ponto porcentual na taxa Selic marca o início do ciclo de queda dos juros que o País precisa para sair da recessão. Segundo a entidade, a decisão do Copom reflete a desaceleração dos preços e a expectativa de que a inflação alcançará o centro da meta de 4,5% em 2017. 

A CNI lembra ainda, em nota, que a queda dos juros é essencial para a volta do crescimento da economia. "A redução da taxa Selic diminuirá os custos do crédito para as empresas e as famílias, melhorando as condições financeiras e estimulando o consumo e os investimentos. No entanto, a indústria alerta que a recuperação sólida e vigorosa da economia depende da aprovação das medidas de ajuste fiscal, como a imposição de limites ao aumento do gasto público e a reforma da Previdência", diz a nota

Para a entidade, sem o ajuste fiscal, as ameaças de insolvência do setor público permanecerão e o País continuará convivendo com a insuficiência de recursos para financiar a expansão da economia.

SPC Brasil

Ainda que modesta, a redução da Selic hoje inicia um novo ciclo de contenção dos juros, benéfico para o cenário econômico atual. A avaliação é do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). Em nota, o SPC comentou que o corte da taxa básica em 0,25 ponto porcentual mostra que o Banco Central ainda vê riscos no cenário de convergência da inflação à meta. 

"Apesar de os preços estarem cedendo nos últimos meses, a flexibilização da política monetária ainda dependia de sinais mais claros de convergência da inflação à meta. O passo modesto no início dos cortes de juros mostra que o Banco Central ainda vê riscos e que o ritmo de desinflação ainda é incerto, especialmente por conta da persistência da inflação de alimentos, que pode ter efeito sobre os demais preços da economia", afirmou o presidente do SPC, Roque Pellizzaro Junior.

Pellizzaro acrescentou que para decidir a Selic, o Copom "está acertadamente avaliando e dependendo do comportamento de variáveis que são premissas importantes para o cumprimento da meta: a inflação e as expectativas". A nota do SPC cita ainda a evolução do ajuste fiscal, "que teve a sua primeira vitória com a aprovação da PEC (do teto) dos gastos em primeiro turno na Câmara dos Deputados e que tem impacto direto nas expectativas de melhora do cenário pelos empresários".

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