Depois de quatro sessões consecutivas de ganhos, o Índice Bovespa cedeu à realização de lucros e fechou em baixa de 0,43% nesta quarta-feira (19) aos 63.505,60 pontos. Num dia em que as atenções se concentravam principalmente nos eventos de política monetária dos Estados Unidos e do Brasil, a notícia da prisão do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) acabou por roubar a cena. A bolsa, que até então alternava altas e baixas, consolidou a tendência de queda à tarde, após a detenção do ex-parlamentar.
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A cautela com a prisão de Cunha esteve relacionada ao temor de que ele possa comprometer integrantes da base aliada do governo - incluindo o próprio presidente Michel Temer - em um eventual acordo de delação premiada. O Palácio do Planalto afirmou hoje que a preocupação do governo com uma possível delação do peemedebista "é zero". Mais cedo, o líder da oposição no Senado, Lindbergh Farias (PT-RJ), afirmou que, no caso de uma delação, "esse governo de Michel Temer não se sustenta por um dia".
Entre as expectativas do dia esteve a divulgação do Livro Bege, documento do Federal Reserve que trata das condições econômicas dos Estados Unidos e serve de base para as decisões de política monetária. Segundo o documento, a economia do país se expandiu de forma modesta a moderada entre o fim de agosto e o início de outubro, apesar da incerteza gerada pelas eleições presidenciais Na avaliação regional, a maior parte das regiões dos EUA teve crescimento modesto a moderado em meio a um mercado de trabalho apertado e crescimento estável dos salários.
Pela manhã, o Ibovespa chegou à máxima de 64.088,99 pontos (+0,48%), numa tentativa de dar continuidade ao rali visto nos últimos dias, sustentado principalmente pelos investidores internacionais, diante de uma melhora de percepção com o Brasil. A alta não se sustentou e o índice passou a oscilar entre a estabilidade e o terreno negativo, até a notícia da prisão de Eduardo Cunha consolidar o viés de baixa.
O movimento também foi limitado pelas ações da Petrobras, que operaram em alta durante todo o dia, em sintonia com a valorização dos preços do petróleo nas bolsas de Nova York e Londres. Ao final do pregão, Petrobras ON e PN subiram 1,06% e 1,15%, respectivamente. Já Vale ON e PNA caíram 0,80% e 1,10%. As ações do setor bancário também sucumbiram à realização de lucro e foram destaque de baixa, com forte influência no resultado do Ibovespa. Itaú Unibanco PN caiu 1,63% e Banco do Brasil ON perdeu 1,85%. O volume de negócios na bolsa brasileira somou R$ 7,9 bilhões, menor que os R$ 9,8 bilhões do movimento da véspera.
Dólar recua com apetite pelo risco no exterior e otimismo doméstico
O dólar fechou em queda frente ao real nesta quarta-feira (19) no nível de R$ 3,16 no mercado à vista, em linha com o movimento de moedas ligadas a economias emergentes e commodities A divisa encerrou em baixa de 0,44%, aos R$ 3,1675. Na mínima do dia, a divisa norte-americana atingiu R$ 3,1650 (-0,52%). De acordo com dados registrados na clearing da BM&F Bovespa, o volume de negócios somou US$ 1,115 bilhão.
Lá fora, o dia foi marcado por elevação acentuada dos preços de petróleo e pelo reforço na perspectiva de que o aperto monetário do Federal Reserve será gradual. No segmento futuro, a baixa no contrato para novembro foi de 0,55%, aos R$ 3,1770, com giro de US$ 12,670 bilhões. O menor valor do dia no futuro registrou R$ 3,1740 (-0,64%).
Domesticamente, continuou o otimismo com o andamento das medidas de ajuste fiscal e com uma futura recuperação econômica, dentro de um contexto de redução da taxa básica de juros, a Selic. Entretanto, o ambiente positivo para o câmbio foi limitado por alguma preocupação com o cenário político, que contou hoje com a prisão do ex-deputado Eduardo Cunha.