O dólar avançou frente ao real nesta quarta-feira (23) alinhando-se ao movimento no exterior, mas fechou distante das máximas do dia. A perspectiva de aperto monetário nos Estados Unidos, alimentada por nova rodada de indicadores positivos no país, impulsionou os juros dos Treasuries e o Dollar Index. Por aqui, esse movimento se traduziu num dólar à vista no nível próximo de R$ 3,42 no começo da tarde. No decorrer do pregão, entretanto, o avanço da divisa norte-americana desacelerou frente ao real, em linha com alguma acomodação lá fora, na véspera do feriado americano de Ação de Graças.
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No mercado à vista, o dólar fechou em alta pelo segundo dia consecutivo e avançou 0,97%, aos R$ 3,3882. Em dois pregões, o ganho acumulado foi de 1,06%. De acordo com dados registrados na clearing da BM&F Bovespa, o volume de negócios somou US$ 1,046 bilhão. Já no segmento futuro, o contrato para dezembro encerrou com elevação de 0,89%, aos R$ 3,3960, com giro de US$ 16,176 bilhões.
A perspectiva de aperto monetário foi reforçada hoje, principalmente, pelo indicador de encomendas de bens duráveis à indústria norte-americana. Os pedidos subiram 4,8% em outubro, ante a previsão de alta mensal de 2,7%. Em reação, o juro da T-note de 10 anos tocou o nível de 2,41% na máxima, enquanto o Dollar Index chegou aos 101,910 pontos.
Por aqui, os maiores níveis do dia foram de R$ 3,4193 (+1,90%) no dólar à vista e R$ 3,4265 (+1,80%) no contrato futuro para dezembro.
Nesta quarta, a ata do último encontro do Federal Reserve, em novembro, trouxe poucas novidades para o mercado, com reação quase nula nas cotações do câmbio. Os dirigentes do banco disseram na ocasião que um aumento das taxas de juros seria apropriada "relativamente em breve", caso os dados da economia americana continuassem mostrando melhora, com alguns dirigentes afirmando que uma alta nos juros poderia acontecer na próxima reunião.
O cenário político brasileiro teve sua contribuição para o ambiente de negócios um pouco mais tenso. A assinatura de acordo de delação premiada pelos executivos da Odebrecht trouxe apreensão ao mercado, ainda que sem grande impulso para o dólar. Houve ainda algum desconforto com a negociação do governo federal com os Estados. A preocupação, entre os especialistas consultados, é que os acordos possam prejudicar os resultados do ajuste fiscal no País.
Diante da pressão vinda do exterior e do incômodo com a situação nacional, profissionais disseram ter sentido falta da atuação do Banco Central no câmbio. Por outro lado, acredita-se que uma nova intervenção com swap só deve acontecer no caso de alta volatilidade no câmbio ou variações que não se baseiem em fundamentos econômicos. Na terça-feira, a autoridade monetária terminou a rolagem de contratos de swap para dezembro e não executou novos leilões desse tipo de ativo hoje.