O secretário de Política Econômica, Fábio Kanczuk, afirmou que o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre, que caiu 0,8%, foi muito próximo ao esperado pelos analistas e pelo governo. Na análise do secretário, o principal responsável foi o aumento do endividamento das empresas, que fez com que os investimentos caíssem e puxassem o PIB para baixo. "Nossas projeções continuam porque o número divulgado foi próximo do que esperávamos", afirmou.
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Kanczuk afirmou que a "melhor projeção" da Fazenda aponta para retomada do crescimento da economia no primeiro trimestre de 2017 em relação ao trimestre imediatamente anterior. "Não teremos crescimento significativo no 4º trimestre de 2016", afirmou o secretário, que depois detalhou dizendo que deve haver queda leve, de 0,1% ou 0,2%, ante o período de julho a setembro deste ano.
Kanczuk defendeu ainda que a projeção de alta de 1,0% em 2017 é factível e está de acordo com os prognósticos da pasta, uma vez que a queda de 3,5% esperada este ano traz impactos. "O carregamento estatístico de 2016 para 2017 será de -0,7%", afirmou.
O secretário disse ainda que não é possível presumir agora que a arrecadação vai ser menor do que o esperado - antes, a pasta previa avanço de 1,6% no PIB no ano que vem, número que balizou a elaboração do Orçamento de 2017.
"Para projetar receita, não basta PIB, tem outras variáveis", disse Kanczuk, citando inflação, juros, câmbio, deflator do PIB e massa salarial. "Não posso dizer que a revisão do PIB leva necessariamente a receita menor", afirmou.
Estímulos fiscais
A injeção de novos estímulos fiscais não é a solução para a economia brasileira, afirmou Kanczuk. Segundo ele, a solução envolve questões estruturais, com reformas microeconômicas que tenham como resultado ganhos de produtividade.
"O Ministério da Fazenda é sensível ao número da economia, à recessão que estamos sentindo. Temos trabalhado em várias reformas no sentido de aumentar ganhos de produtividade. Não é solução para economia dar estímulos fiscais", frisou o secretário.
Segundo Kanczuk, as reformas estruturais levarão o Brasil a crescer de forma sustentada por anos à frente. "Essas medidas de produtividade afetam principalmente o investimento", afirmou.
Questionado se a queda de 0,8% no PIB no terceiro trimestre ante o segundo trimestre pressiona o Banco Central a acelerar o ritmo de queda da taxa de juros, o secretário preferiu não comentar. O Comitê de Política Monetária (Copom) profere nesta quarta-feira, 30, sua decisão sobre a taxa Selic, que está em 14%.