Um beijo e um abraço. Se depender das condições financeiras dos brasileiros para presentear nessas festas natalinas, é isso que a maioria vai ganhar de presente. De acordo com uma pesquisa da consultoria especializada no comportamento do consumidor Opinion Box, com a crise econômica encurtando a renda e a inflação elevando o preço dos produtos até não caberem mais no bolso, a intenção de presentear caiu 12% do ano passado para cá. Do total de pessoas que responderam à pesquisa, 69% apontam a crise como principal motivo para abrir mão da lembrancinha de final de ano. Outros 15% lembram que perderam o emprego e, portanto, precisam poupar.
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“Com essa pesquisa, foi possível medir o impacto da crise no cotidiano das pessoas. Percebemos que a maioria da população deixou de presentear ou apresenta um tíquete médio bem menor, e acaba escolhendo uma lembrancinha só para a data não passar em branco”, explica Felipe Schepers.
Ainda de acordo com Schepers, nem as diversas promoções realizadas pelo varejo, como a Black Friday e as tradicionais ofertas de Natal, são suficientes para fisgar o consumidor. “As pessoas ficam tentadas. No Brasil, ainda há pouca educação financeira e muita inadimplência, mas as pessoas estão cada vez mais cientes da necessidade de ajustar um pouco aqui e ali para passar pela crise”, diz. Quem confirma a teoria é a estudante Carolina Montenegro, que não vai encher sua sacola de mamãe Noel neste ano. “No ano passado, só presenteei meu namorado. Neste ano, não vou conseguir dar presentes para ninguém, pois estou sem condições”, afirma.
OUTROS HÁBITOS
Não é apenas a lista de presentes que está menor ou inexistente por causa da crise. A pesquisa da Opinion Box ainda aponta que os brasileiros estão enxugando outros hábitos, como alimentação fora de casa, idas ao cinema e restaurantes, realização de procedimentos estéticos e até a academia, entre outros.
É o caso do designer Pedro Lima, que há três anos traz almoço, lanches e jantar para o escritório com objetivo de economizar. “Trabalho e estudo, então passo o dia fora. Se não trouxesse comida de casa, gastaria entre R$ 20 e R$ 30 todos os dias”, comenta. Apenas nos dias úteis, o valor gasto seria entre R$ 400 e R$ 600. Com a quantia, Pedro diz que planeja realizar uma viagem ou se qualificar profissionalmente.