RENOVAÇÃO

Na crise, consumidores recorrem a consertos e reparos de produtos

Estabelecimentos especializados no ramo oferecem serviços de fixação de botões de camisas até reforma de sofás

Bianca Bion
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Bianca Bion
Publicado em 25/12/2016 às 7:31
Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
Estabelecimentos especializados no ramo oferecem serviços de fixação de botões de camisas até reforma de sofás - FOTO: Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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Com o poder de compra reduzido, muitos consumidores estão fazendo manutenção e consertos para evitar comprar novos produtos. Estabelecimentos especializados no ramo oferecem serviços de fixação de botões de camisas até a reforma de sofás e móveis antigos. Em alguns casos, os serviços chegam a ser 60% mais barato do que um produto novo.

Na parte de eletroeletrônicos, a demanda cresceu 30% no primeiro semestre deste ano, na comparação com o mesmo período de 2015. No segundo semestre, a previsão é que o número passe para 35%. Os dados são da Associação Brasileira de Serviços Autorizados em Eletroeletrônicos (Abrasa), que representa 10 mil assistências técnicas. A crise econômica é um dos fatores para a alta da procura. “Nós estamos fazendo uma pesquisa que será finalizada no próximo ano. Percebemos, no entanto, que muita gente está repassando celulares usados para os parentes, preferindo consertar a comprar um novo. A mesma coisa com televisões. Oficinas que trabalham com artigos de maior valor agregado estão tendo maior demanda, como lavadora ou sons”, explica o presidente da associação, Norberto Mensório.

A doméstica Fabiana Maria Gomes, 40 anos, faz parte do grupo que preferiu consertar em vez de comprar produtos novos. Ela levou um som e uma televisão para o conserto. “O som está fazendo um barulho estranho e a televisão ficou com a imagem fechada. É bem mais em conta mandar consertar. Na verdade, eu não tenho condições nem de mandar consertar, nem de comprar produtos novos, mas o 13º salário ajudou”, afirma.

Quem oferece serviços mais simples, como os sapateiros, também perceberam aumento na procura. A sapataria Trovão realiza serviços que variam entre R$ 15 e R$ 100. “Ajeitar o solado de um sapato feminino é R$ 60, ajeitar um salto é R$ 35. É bem mais em conta do que comprar um novo. Percebi um aumento de 10% desde que começou a crise”, afirma um dos donos, Antonio Tiburcio.

Nessa área, também ganha quem inova. De olho no nicho de mercado, a designer de moda Benita Afonso investiu na reforma de roupas na sua loja Oficina da Roupa, em Boa Viagem, na Zona Sul do Recife. “A gente sempre fez reforma, mas com o tempo mudamos a identidade do negócio, é importante estar atento ao mercado. Tivemos um aumento de 25% na demanda desse serviço. De uma calça pode sair uma saia. O que é grande diminui e o que é pequeno aumenta também.”, afirma Betina. “Nada se perde aqui. Podemos imprimir um estilo novo a uma roupa antiga”, complementa. Na loja, também são feitos ajustes, como bainhas em calças.

A advogada Raíssa Simões escolheu tingir de preto uma camisa rosa. “A camisa está guardada há muito tempo. É uma forma de reciclar e economizar”, explica. Ela procura serviços de reparos quando precisa. “Vou consertar a sola de uma bota. Também fiz isso com as roupas que usava quando estava grávida, consegui apertá-las depois”, afirma.

A ideia de dar uma cara nova a um objeto velho atrai os consumidores. O fluxo de clientes em busca de reforma de sofás cresceu 50% desde julho deste ano na loja M.S. Estofados, no Centro do Recife. “Aqui, nós trocamos a espuma, a capa e podemos consertar madeiras quebradas na armação”, explica a proprietária Graça Melo Cavalcante. Na loja, ela também vende sofás novos. O mais barato custa R$ 1.200, enquanto a reforma sai por R$ 550.

Às vezes, o mau uso pode acarretar em problemas, que podem ser resolvidos com reparos. No caso do sofá, o problema é sentar no braço do móvel, afirma Graça. Já com eletrodomésticos, a lista é mais extensa. "No ventilador, um grande problema é a sujeira. Também não podem colocar óleo no motor, apenas graxa. No caso do liquidificador, todo mundo coloca a mão sobre a tampa, o que é muito ruim. Quanto a cafeteira, todo mundo esquece o interruptor aceso. São erros simples, que acarretam em muitos problemas. Tem gente que acha que precisa comprar um novo, mas não é bem assim", afirma a gerente da assistência técnica da Arno, na Boa Vista, Jane Eyre. Ela afirma que o fluxo de clientes aumentou 15%. São realizados uma média de 16 consertos por dia no local. 

REFORMAS

O setor de reformas de interiores também está aquecido no fim do ano, por causa do 13º salário. A Ferreira Costa espera aumento de 13% nas vendas de tintas e de 11% no setor de decoração no último trimestre deste ano, na comparação com o mesmo período do ano passado. "O 13º salário ajuda. Além disso, no fim do ano, as pessoas recebem muitas visitas nas festas, então, querem deixar a casa bonita. Com a crise, há mais mão de obra qualificada e barata disponível. Sentimos que confiança do consumidor está voltando", afirma o gerente comercial da Ferreira Costa, Nivaldo Marques. 

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