Balanço

Ambev foca em preço e volta a crescer após 2016 de queda

Gigante de bebidas teve queda de 5,5% nas vendas no ano passado

Do Estadão Conteúdo
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Publicado em 26/06/2017 às 8:46
Foto: Skol/Divulgação
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O ano de 2016 foi um dos piores da história da gigante de bebidas Ambev. A queda de 5,5% nas vendas reduziu os volumes da empresa ao nível mais baixo desde 2009. O resultado foi tão fraco que deixou os funcionários sem bônus. Desde o início do ano passado, os números ruins já se prenunciavam. Por isso, o diretor-geral da Ambev, Bernardo Paiva, colocou o pé na estrada para fazer uma gestão mais próxima de supermercados e bares, a fim de buscar soluções para o negócio. Desde então, ele passa ao menos dois dias por semana fora do escritório central, em São Paulo.

Essa peregrinação foi motivada pela forte queda nas vendas no primeiro trimestre de 2016, quando o volume da companhia caiu 7,5% ante o mesmo período de 2015. Ao longo do ano passado, vários desafios se impuseram à companhia, que sofreu com a alta de impostos de bebidas, os custos de uma operação de hedge (proteção) para a flutuação do dólar e a agressiva estratégia de preços da concorrência.

VEJA AS DEZ CERVEJAS MAIS CONSUMIDAS PELO BRASILEIRO:

Foto: Skol/Divulgação
1ª: A gelada mais querida no Brasil é a Skol (Ambev). No mundo, a cerveja ocupa a 5ª posição - Foto: Skol/Divulgação
Foto: Brahma Chopp/Divulgação
2ª: A cerveja fabricada pela Ambev é chamada de Brahma Chopp por seu teor leve, similar ao chopp - Foto: Brahma Chopp/Divulgação
Foto: Antarctica/Divulgação
3ª: A Antarctica nasceu na primeira fábrica brasileira de cerveja de baixa fermentação em 1888 - Foto: Antarctica/Divulgação
Foto: Nova Schin/Divulgação
4ª: Produzida pela Brasil Kirin, a Schin é uma cerveja do tipo Pilsen tida como popular - Foto: Nova Schin/Divulgação
Foto: Itaipava/Divulgação
5ª: É das máquinas da cervejaria Petrópolis que sai a Itaipava, fundada em 1993 e popular no Brasil - Foto: Itaipava/Divulgação
Foto: Kaiser/Divulgação
6ª: Mineira, a Kaiser foi criada em 1982 por Luiz Gonçalves, dono de uma franquia da Coca-cola - Foto: Kaiser/Divulgação
Foto: Crystal/Divulgação
7ª: Também do grupo Petrópolis, é uma cerveja Pilsen com versões saborizadas de guaraná e limão - Foto: Crystal/Divulgação
Foto: Bohemia/Divulgação
8ª: Fundada em Petrópolis em 1853 por um alemão, a Bohemia foi a primeira cervejaria do Brasil - Foto: Bohemia/Divulgação
Foto: Bavaria/Divulgação
9ª: Conhecida como a 'Cerveja dos amigos', a Bavaria é produzida pela Heineken - Foto: Bavaria/Divulgação
Foto: Chopp Brahma/Divulgação
10ª: O chopp Brahma passa pelo mesmo processo da cerveja da marca, a única diferença é o envasamento - Foto: Chopp Brahma/Divulgação

De certa forma, explica o analista Gabriel Vaz de Lima, do Bradesco BBI, a gigante brasileira das bebidas enfrentou uma "tempestade perfeita". Em entrevista à reportagem, o diretor-geral da Ambev afirmou que era preciso achar uma forma criativa de superar os reveses. "O mercado de cerveja depende da renda disponível do consumidor. Num cenário de crise, era necessário desenvolver estratégias para deixar nosso portfólio mais forte", conta Paiva.

Nas andanças pelo País, conversando com donos de bares e supermercados, o executivo entendeu que era preciso evitar que o cliente trocasse a Ambev por marcas mais baratas - especialmente num cenário em que a Kirin, dona da Schin, fazia promoções agressivas. Segundo analistas, o "pulo do gato" da Ambev foi achar um jeito de oferecer suas principais marcas, como Brahma e Skol, a preços mais baixos que os das rivais.

Para isso, mirou não no produto, mas na embalagem. Para reduzir custos, a Ambev decidiu convencer o brasileiro a voltar a utilizar os velhos "cascos". A aposta foi em um vasilhame de 300 ml, vendido exclusivamente em estabelecimentos como atacarejos e supermercados.

"Foi uma forma de a Ambev baixar o custo do produto", diz Lima, do Bradesco. "Com a vantagem de que a garrafa retornável garante à empresa uma margem de lucro bem maior do que as latinhas."

As minigarrafas vêm sendo introduzidas aos poucos, até porque exigem investimento em máquinas de recolhimento e logística reversa. Em 2015, eram só 4% das vendas da Ambev em supermercados - ao fim de 2016, já somavam 25%. Uma fonte do setor diz que as garrafinhas são uma proteção adicional, pois são patenteadas e não podem ser usadas por outras cervejarias.

RESULTADOS

O resultado da estratégia apareceu nos números. Apesar de o lucro da Ambev ter caído no primeiro trimestre, a empresa cresceu 3,4% em volume, enquanto o mercado recuou 2%. Analistas disseram que a companhia ganhou 2 pontos porcentuais de mercado, para 69% em março.

O analista do Bradesco diz que, ao voltar a crescer, a Ambev mostrou ser uma "ação defensiva", vista como mais segura em tempos de crise. Vaz lembra que a Ambev deve conseguir reverter problemas de custo em 2017. Além disso, rivais como a Heineken - que comprou a Kirin - terão de passar parte do ano "arrumando a casa".

Apesar do cenário mais positivo, Paiva diz que não tem intenção de deixar de gastar a sola do sapato pelo País. Vai continuar com as viagens para buscar resultados - e, quem sabe, garantir a volta dos bônus em 2017.

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