De olho em um público cada vez mais exigente quanto à origem dos produtos que consome, a varejista de roupas C&A lança nesta sexta-feira (1º) uma linha de camisetas considerada totalmente “verde”. Os modelos masculinos e femininos são resultado da mudança completa no processo produtivo – desde a fabricação do algodão até o tipo de energia usada nas confecções –, criando um produto reciclável. Ao serem descartadas no meio ambiente, se desintegram completamente em 12 semanas e viram adubo.
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Durante o lançamento oficial da nova linha, realizado na semana passada em São Paulo, o presidente da C&A Brasil, Paulo Correa, enfatizou que a procura por meios produtivos mais sustentáveis não é uma tendência, mas um processo irreversível. “Não existe nada mais contemporâneo do que ter consciência do que se consome e como aquilo é feito. Temos volume de mercado para que o mundo da moda seja diferente em relação a isso. Não vamos dar nenhum passo para trás”, garante.
A linha que chega agora ao Brasil já foi lançada em junho na Europa e reflete, na verdade, um investimento mais antigo e amplo da companhia. A C&A criou, em 2014, sua Plataforma Global de Sustentabilidade com três eixos de responsabilidade sócio-ambiental que devem ser integralmente adotados até 2020: produtos, fornecedores e vidas melhores. Atualmente, por exemplo, 40% dos produtos disponibilizados no País são produzidos com algodão orgânico. A meta é que, em até três anos, todas as peças sejam confeccionadas com esse material. No mundo, esse percentual já está em 53%.
A forma de colocar isso globalmente em prática é analisada pelo Fashion For Good – instituto do qual participam a C&A e a C&A Foundarion, entre outras grandes empresas –, que promove modelos sustentáveis na cadeia produtiva da moda. Foi essa organização, sediada na Dinamarca, que realizou no início de 2016 os estudos para a produção das roupas sustentáveis vendidas agora no Brasil.
Elas surgiram a partir do desafio de criar uma linha de roupas que pudesse ser decomposta no meio ambiente. Após meses de estudo, chegaram ao atual produto. Nos testes realizados em laboratório, as camisetas se desintegraram em 12 semanas dentro de composteiras. Os corantes são naturais, a fibra do algodão é diferenciada, assim como a linha que une a peça, e até a etiqueta é de um material degradável.
CAMINHO DE VOLTA
Apesar de a característica biodegradável ser chamativa, o descarte das camisetas no meio ambiente não é o objetivo da empresa ou da Fashion For Good. Por isso, ao lançar os modelos, a companhia terá lojas selecionadas um ponto de descarte de roupas válido para produtos confecionados com qualquer tipo de material. A intenção é encaminhá-las a um parceiro que irá utilizar as tramas para outros fins. No Recife, tanto os pontos de coleta quanto as camisetas recicláveis estarão disponíveis nas lojas do RioMar e do Shopping Recife, na Zona Sul da cidade, além da loja virtual.
Os produtos chegam às lojas por um preço fixo de R$ 19,90, valor semelhante ao de outros colocados na prateleira, mas sem a proposta “verde”. “Não vamos colocar a barreira do preço na escolha do consumidor. Se a gente quer mudar a indústria, então entendemos que o preço tem que ser o mesmo. Os custos ainda são mais altos, mas, quando se faz um novo investimento, se prevê que o custo maior será absorvido de início. Depois, quando as vendas ganharem escala, essa diferença vai cair”, garante Paulo Correa.