ENERGIA

Nordeste aponta para o gás natural nos próximos dez anos

Plano da Empresa de Pesquisa Energética defende investimento em termelétricas para garantir autossuficiência da região Nordeste

Luiza Freitas
Cadastrado por
Luiza Freitas
Publicado em 20/10/2018 às 6:02
Foto: Renato Spencer/ Acerco JC Imagem
Plano da Empresa de Pesquisa Energética defende investimento em termelétricas para garantir autossuficiência da região Nordeste - FOTO: Foto: Renato Spencer/ Acerco JC Imagem
Leitura:

Se o Nordeste é reconhecido hoje pela grande capacidade de produção de energia para as fontes eólica e solar, a região deve se destacar nos próximos dez anos pelos investimentos em termelétricas a gás natural. E Pernambuco será peça chave nesse processo. A recomendação da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) é que o Estado receba uma nova planta que ajudará o Nordeste a alcançar 2.469 MW de gás natural até 2027, o equivalente a R$ 5,9 bilhões em investimentos. Para a entidade – que está subordinada ao Ministério de Minas e Energia –, o investimento irá complementar as fontes renováveis e ajudará a tornar o Nordeste autossuficiente em energia.

Essa conclusão é apontada pelo Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE), realizado pela EPE, foi antecipada ontem, quando o presidente da instituição, Reive Barros, palestrou no Recife a convite da Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco. O relatório completo, que traça diretrizes até 2027, será publicado em dezembro.

No Nordeste, Bahia e Ceará já contam com plantas em funcionamento a base de gás natural. Pernambuco aparece entre os investimentos futuros, juntamente apenas com o Rio Grande do Sul. “As fontes eólica e solar são muito importantes, mas elas não são constantes. A primeira oscila de acordo com o vento e a segunda de acordo com a hora do dia. Diante de uma crise hídrica, a nossa alternativa para manter a constância é a fonte térmica. Mas, com o gás natural, ela é mais barata e menos poluente do que temos no Nordeste hoje”, destacou Reive Barros.

A redução da capacidade das grandes hidrelétricas é uma realidade e grande preocupação para o setor. A evolução da matriz brasileira entre 2017 e 2027 que será apresentada pela EPE mostra a redução da participação da fonte hídrica de 67% para 54%. Mesmo com crescimentos expressivos, fontes intermitentes e limpas como a eólica e solar não apresentam um crescimento que ocupe o vácuo deixado pelas hidrelétricas (veja na arte ao lado). Para o Nordeste, pela natureza do clima da região, a capacidade de armazenamento é ainda mais grave. “Com isso, se as térmicas que mantém a constância do sistema continuarem concentradas no Sudeste, vamos ter mais custo com transmissão, que também traz menos segurança ao sistema”, destacou Barros.

A expectativa do setor é que a nova térmica pernambucana seja incluída em um leilão realizado no início do próximo ano. Já há projetos prontos realizados por empresas estrangeiras para a instalação de uma planta a gás, que provavelmente será instalada no Complexo de Suape, no Grande Recife. No local já funciona a Termopernambuco, pertencente ao Grupo Neoenergia (controlador da Celpe), que utiliza gás natural e vapor, com capacidade de gerar 532 MW médios.

INVESTIMENTOS

O Plano Decenal da EPE prevê que o setor elétrico receba R$ 393 bilhões em investimentos ao longo da década. De acordo com a prévia do programa, serão R$ 226 bilhões vindos de projetos de geração centralizada, R$ 60 bilhões na geração distribuída e mais R$ 108 bilhões no segmento de transmissão.

Últimas notícias