O dólar teve novo dia de queda nesta quinta-feira (20) amparado pelo enfraquecimento da moeda americana no mercado internacional, tanto ante divisas fortes, como o euro, como de emergentes, e pela entrada do Banco Central no câmbio, que despejou US$ 1 bilhão no mercado para dar liquidez. Nos emergentes, o real foi uma das moedas que mais ganharam valor em relação ao dólar, enquanto cresceu no mercado financeiro internacional a preocupação com a desaceleração da economia mundial, que provocou novo tombo nos preços do petróleo e fez as bolsas em Nova York fecharem em forte baixa. O dólar para janeiro caiu 1,41%, a R$ 3,8420.
Um termômetro do forte enfraquecimento da moeda dos Estados Unidos foi o índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, que registrou queda de 0,88% no final da tarde, a 96,183 pontos, atingindo mínimas desde meados de novembro. Em meio ao aumento da aversão ao risco lá fora, o Credit Default Swap (CDS) do país, uma medida do risco Brasil, subiu para 206 pontos-base.
O estrategista do Swissquote Bank, Arnaud Masset, ressalta que o mau humor no mercado internacional reflete renovadas preocupações dos investidores com o crescimento da economia mundial após o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), Jerome Powell, alertar que vê uma redução do ritmo de crescimento da atividade global e da própria economia americana, mas mesmo assim, pode seguir elevando os juros em 2019, ainda que mantendo o ritmo gradual. Para Masset, o mercado não gostou do resultado final da reunião do Fed, na medida em que os investidores esperavam uma sinalização de que a alta de juros pudesse ser interrompida, diante do risco de recessão nos EUA.
Investigação
No mercado doméstico, pela manhã, antes do leilão de linha do BC, os investidores agiram para forçar o dólar para baixo, especialmente nos momentos de coleta dos preços para definir a Ptax. Este é o referencial usado pelo BC como indicador para fins de cálculo quando das devoluções das linhas nos vencimentos e, quanto menor, melhor para quem compra o dólar no leilão. Na mínima do dia, a moeda bateu em R$ 3,8349 às 12h09, coincidindo com uma das coletas para a definição do indicador.
Pela tarde, a fraqueza do dólar lá fora contribuiu para que a moeda seguisse em queda e corrigisse parte da alta dos últimos dias, ressalta o gerente de operações da B&T Corretora, Marcos Trabbold, destacando que não havia notícias que justificassem a alta da moeda nos últimos dias, que no intraday chegou a superar os R$ 3,94. "Estava subindo no vazio, agora houve uma corrigida " Nas notícias domésticas, ele ressalta que a grande expectativa agora é para o início do governo de Jair Bolsonaro (PSL).