É verdade aquela história de que é mais fácil ser atingido por um raio e sair vivo, do que acertar com uma aposta de seis dezenas os números da Mega-Sena. Quem afirma é o professor de Estatística da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Hemílio Fernandes Coelho. "Se você contabilizar o número de vezes em que raios caíram em pessoas, e deste número obter o percentual de sobreviventes, este percentual ainda vai ser maior do que a chance de ganhar. Logo, é mais fácil ser atingido e sobreviver do que ganhar na Mega-Sena", diz o professor.
Mas quando está em jogo o prêmio recorde de R$ 275 milhões é melhor usar o raciocínio lógico a favor do apostador. O professor Hemílio dá dicas para quem ainda pretende apostar no Concurso 2.150 da Mega-Sena, acumulado pela 14ª vez consecutiva, e que será sorteado neste sábado (11), em São Paulo.
"Não tem mágica. Quanto mais dezenas houver numa mesma aposta, maiores são as probabilidades", diz. O professor exemplifica: "Quando a pessoa marca sete dezenas no talão, (ao invés de seis, do jogo mínimo) o valor da aposta é multiplicado por sete. Isto acontece porque dentro de um jogo de sete dezenas existem sete jogos de seis dezenas. Quanto mais números você marcar no bilhete, mais combinações de seis dezenas você vai ter", explica o professor. Num jogo de 15 dezenas (combinação máxima permitida por jogo), existem 5005 jogos de seis dezenas. Neste caso, as chances aumentam muito, mas ainda há 10 mil possibilidades de erro para uma de acerto.
Quanto mais investir, mais chance de ganhar
A própria Caixa Loterias informa que a menor combinação possível, de seis dezenas, tem apenas uma chance, em 50 milhões, de ser sorteada. Se acrescentarmos mais uma dezena, a relação já passa a ser de 1 para 7,5 milhões. Isto explica porque o preço das apostas com mais dezenas sobe exponencialmente. O volante simples de seis dezenas custa R$ 3,50. Já com sete dezenas fica por R$ 24,50. Quem tiver disposição, e dinheiro, para jogar a aposta máxima de 15 dezenas, vai desapegar de R$ 17.517,50 pelo jogo.
No último sorteio da Mega foram feitas cerca de 86,5 milhões de apostas, o que aumenta a possibilidade de que, desta vez, o prêmio não acumule, segundo o professor Hemílio. "A tendência é de que sejam feitas mais apostas e de valores mais altos, o que deve favorecer a premiação para mais de um apostador. Espero que eu seja um deles", brinca Hemílio.
Pelas ruas do Recife, nessa quinta-feira (9), dois dias antes do sorteio, muitas lotéricas estavam tomadas de gente com o sonho de virar o próximo milionário do Brasil.
Tem gente que gosta de pesquisar na internet se a combinação do jogo que ele fez já foi premiado alguma vez, mas isso serve apenas como curiosidade porque não quer dizer que números muitos sorteados sairão novamente. Como o sorteio é aleatório as chances são sempre as mesmas, segundo o professor.
Vale tudo para ganhar
O assessor parlamentar Breno Araújo enfrentou fila na manhã dessa quinta-feira (9) para fazer apenas uma aposta de sete dezenas. Ele diz que não jogou nos 13 concursos anteriores da Mega-Sena, mas o prêmio desta semana, acumulado em quase R$ 300 milhões, acabou motivando a aposta. "Se não jogar, não ganha", disse o assessor que espera poder ajudar muita gente caso fique milionário. "Doaria parte da premiação para hospitais e entidades que fazem trabalhos sérios, depois, iria antecipar minha aposentadoria", projetou Breno, de 40 anos.
A gerente de casa lotérica Alô Sorte, no Centro do Recife, Andréa Carvalho, teve que ampliar o horário de trabalho das 13 atendentes para dar conta da demanda pelas apostas. "Geralmente fechamos às 19 horas, que é o horário limite determinado pela Caixa para fazer os jogos do dia, mas estamos seguindo até as 20h30, às vezes, só para venda dos bolões", diz Andréa. Os bolões são apostas organizadas pelas próprias casas lotéricas e vendidas em "cotas". Na casa lotérica administrada por Andréa haviam bolões à venda a partir de R$ 5,90. Uma aposta de 10 dezenas, que se fosse feita por um único apostador custaria R$ 735, sai por R$ 50 em um bolão de 20 participantes. "Os bolões têm muita saída quando o prêmio está acumulado", diz a gerente que confessa já ter feito também sua fezinha.
O aposentado Antonio Clauter dos Santos, de 63 anos, preferiu apostar na intuição para jogar na Mega-Sena. Ele usou uma combinação das datas de aniversário dele e da esposa para preencher dois volantes Gastou no total R$ 28. Sobre as chances de ganhar ele disse: "vi em uma reportagem que é mais fácil ser atropelado por um hipopótamo", mas completa: "se for ligar para estatísticas ninguém joga", diz seu Antônio.
Como investir a 'bolada'
Caso o prêmio de R$ 275 milhões saia para um único apostador e ele aplique todo o dinheiro na poupança, o rendimento mensal vai ficar em torno de R$ 1 milhão. O advogado tributarista Fábio Lima, sócio do escritório Ivo Barboza & Advogados Associados, informa que os rendimentos da poupança são isentos de imposto de renda. Ele orienta ainda que caso o apostador, e novo milionário, prefira aplicações mais rentáveis, é bom ficar atento porque, neste caso, o Leão irá levar a parte dele.
"O certo é que o investidor pesquise bastante sobre os melhores investimentos e a sua tributação. Caso opte em aplicar em fundos de investimento financeiro, a tributação pode variar de 22,5% a 15%, é a chamada tabela regressiva do imposto de renda, pois quanto maior o período de aplicação, menor será a alíquota do imposto de renda", explica o advogado Fábio Lima.
As apostas para o concurso 2.150 da Mega-Sena podem ser feitas até este sábado (11) às 19h (horário de Brasília) em qualquer lotérica do país e também no Portal Loterias Online.