O comércio do Recife, e os consumidores, estão entrando no ritmo das festas de fim de ano. Velas, árvores de Natal, guirlandas e Papais Noéis já aparecem em algumas lojas. E o espírito de prosperidade, típico dessa época, também. Esse deve ser um dos melhores finais de ano para as vendas desde 2014, dizem as entidades representativas do comércio. Tanto as lojas de rua quantos os shoppings projetam crescimento nas vendas entre 4% e 8%. Por conseqüência, são esperadas muitas vagas temporárias de empregos. Em torno de 6 mil, para o Grande Recife.
Na última quinta-feira, a advogada Cristina Moura, acompanhada da filha Maria Carolina Arruda, escolhiam os enfeites para a mesa da ceia natalina deste ano em uma loja de variedades da Rua das Calçadas, região de comércio popular do Recife. Não importando que ainda faltam dois meses para a celebração. “Sempre arrumamos a casa para o Natal e esse ano não será diferente” disse dona Cristina. “É bom comprar agora porque a variedade de produtos é muito maior”, emenda a filha. E é mesmo. O balconista Edson Alves, da Comercial São Félix, se desdobrava para encontrar lugar para todos os itens do portfólio carregados no vermelho e verde. “Tem de tudo. De jogo americano a luvas térmicas, diz Edson, revelando que até a primeira semana de dezembro o estoque vai aumentar em 30%. “Acho que vamos ter um bom final de ano”, diz esperançoso. A loja já contratou dois funcionários temporários para integrar a equipe que conta com outros 14 vendedores e deve convocar mais, de acordo com a demanda.
COMÉRCIO
Há poucos metros dali, na loja Arcol, um Papai Noel tamanho natural chama a atenção dos clientes que até param para tirar uma selfie com o bom velhinho. Os pinheiros natalinos, com tamanhos que variam de 1,5 metros a 2,40 metros, já enfeitados com luzes, fitas douradas e bolas também convidam a sonhar. “O público já começou a procurar produtos natalinos. Devemos ter no estoque cerca de mil itens, mas até dezembro vai chegar mais”, garante José Carlos, o sub-gerente. A loja ainda não começou as contratações de fim-de-ano, mas deve chamar entre 10 e 15 pessoas.
No Centro do Recife, o movimento ainda é pequeno nas sapatarias e lojas de confecção, justamente as que absorvem maior número de empregados temporários. Nem por isso a expectativa é ruim. “Tivemos um início de ano muito difícil. De janeiro a março foi complicado, mas está melhorando”, diz Adelino Teixeira, gerente de uma sapataria na rua da Palma. Ele acredita que a injeção de dinheiro extra dos saques do FGTS vai ajudar a incrementar as vendas. “O pessoal deve estar usando o saque do FGTS primeiro para pagar as dívidas. Com o nome limpo fica mais fácil conseguir crédito. E ainda tem o PIS/Pasep, o décimo terceiro...”, calcula Adelino. Ele conta que a partir do final deste mês deve quase dobrar o número de vendedores da loja, hoje com 22 profissionais.
Já na loja de roupas onde Marcos Santos atua como gerente, na Rua Nova, a pilha de currículos cresce a cada dia. Já começamos a selecionar e até 15 de novembro devemos estar contratando”, diz o gerente que estima que entre 15% e 20% dos temporários serão efetivados. Sobre as vendas de final de ano ele também está confiante, tanto que o estoque de roupas está um pouco maior esse ano. “Este período corresponde a 40% de todo o nosso movimento do ano”, afirma Santos.
SHOPPINGS
Nos shoppings o foco agora são as contratações. No Shopping Guararapes estão previstos cerca de 300 empregos temporários para suprir a demanda de 45 lojas com o aumento de fluxo no mall, estimado em 7% até o final do ano. O mesmo percentual deve marcar o crescimento nas vendas. Quem tiver interesse nas vagas, deve cadastrar seu currículo no site da Associação dos Lojistas do mall (www.alsg.com.br). Já o Shopping Tacaruna projeta a geração de cerca de 400 vagas de trabalho para o final deste ano, em 150 operações. Os interessados devem acessar o site da associação dos lojistas www.alsct.com.br e cadastrar o currículo na aba “Oportunidades”. “Nossa expectativa para este Natal é um incremento de 10% nas vendas e 5% no fluxo de clientes em relação ao ano passado”, destacou a superintendente do Shopping Tacaruna, Sandra Arruda.
No Shopping RioMar a quantidade prevista de empregos temporários para o período vai ficar entre 700 e 800. O aumento estimado de fluxo no mall é de 10%, e a expectativa de elevação das vendas entre 7% a 10 %. Para se cadastrar para as vagas temporárias. basta acessar o banco de talentos da Associação dos Lojistas no site: www.alsr.com.br. No Shopping Plaza a movimentação desse fim de ano deve promover aumento de 8% nas vendas 8% em relação a 2018. Quanto ao fluxo de clientes, a expectativa é que haja o incremento de 5%. O Shopping Recife deve gerar em suas 450 lojas cerca de 1.000 oportunidades temporárias e mais 100 vagas, também ocasionais na própria administração. Para cadastrar currículos: www.shoppingrecife.com.br/oportunidades.
Segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), em todo o Brasil deverão ser contratados cerca de 91 mil trabalhadores temporários para atender ao aumento sazonal das vendas neste fim de ano. Este é o melhor cenário previsto nos últimos seis anos. Se confirmada a previsão, haveria um avanço de 4,% em relação a 2018. O Natal é a principal data comemorativa do varejo nacional, com previsão de movimentação financeira de R$ 35,9 bilhões em 2019. A CNC estima que de oito em cada dez vagas ofertadas deverão ser preenchidas por vendedores. Ainda entre as funções mais procuradas estarão as de operadores de caixa e pessoal de almoxarifado.
OTIMISMO CAUTELOSO
O diretor executivo da Câmara de Dirigentes Lojistas do Recife, Fred Leal, usa o termo “otimismo cauteloso”, quando se refere a como deverá ser o desempenho das vendas nos últimos meses do ano. “O comércio está melhorando? Sim, está. Mas muito lentamente. Mais lentamente do que o lojista estava esperando”, pontua Fred Leal. Para ele, a expectativa de crescimento deste ano está em torno de 4%, se comparado com o ano passado. “Em 2018 a movimentação no comércio já foi muito baixa. Nossa base de comparação deveria ser 2014, último ano em que as vendas cresceram, depois disso foram cinco anos de crise. 4% é ruim? não. Mas mostra que a recuperação é lenta”, afirma Leal.
O economista da Fecomércio-PE, Rafael Ramos, concorda com o dirigente lojista. Para Ramos, falta a massa salarial crescer, ou seja, emprego. “ A realidade de Pernambuco em relação ao mercado de trabalho é diferente de muitas regiões do País. Enquanto estados como Santa Catarina tem taxa de desemprego em torno de 6% a nossa está em 16%. Não dá para comparar o nível de consumo de uma economia que já se recuperou com a nossa, que ainda está em transição”. Ramos afirma no entanto que os comerciantes estão confiantes. “Vai ser positivo, mas haverá cautela por parte dos empresários daqui”, conclui.