Pela primeira vez as fontes renováveis não-hídricas se tornaram a segunda principal forma de gerar eletricidade no Brasil, superando as fontes fósseis, segundo o Instituto de Energia e Meio Ambiente. O setor de energia, onde são computadas as emissões por queima de combustíveis fósseis, foi destaque positivo do Sistema de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG) do Observatório do Clima.
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Enquanto isso, as emissões brasileiras de gases de efeito estufa se mantiveram estáveis em 2018, segundo a nova estimativa do SEEG. No ano passado, o país teve emissões brutas 1.939 bilhão de toneladas de CO2 equivalente (CO2e), um valor 0,3% maior do que o 1.932 bilhão de toneladas verificado em 2017. Esses dados vão ser apresentados nesta quarta-feira (6), no Recife, durante a 1ª Conferência Brasileira de Mudança do Clima.
O setor de energia registrou uma queda de 5% nas emissões de gases de efeito estufa, ocasionada por um aumento expressivo (13%) no uso de etanol no transporte de passageiros, pela adição obrigatória de biodiesel ao diesel e pelo incremento de renováveis na geração de eletricidade.
Além destes aspectos, uma temporada de chuvas regular, também reduziu o uso de termelétricas na matriz de eletricidade e um aumento das renováveis, sobretudo, a eólica. Devido ao menor acionamento de usinas térmicas, as fontes não-hídricas ultrapassaram as fósseis pela primeira vez e, em 2018, foram a segunda maior fonte de eletricidade para o país.
Apesar das boa notícias, o perfil das emissões brasileiras indica que o país, sétimo maior poluidor climático do planeta, ainda não incorporou uma trajetória consistente de redução de emissões. “Manter as emissões brasileiras estáveis num mundo que continua aumentando as emissões é importante, mas não suficiente. O planeta precisa que as emissões sejam reduzidas com vigor nos próximos anos, e infelizmente nosso cenário de emissões para 2020 é de aumento”, afirmou Tasso Azevedo, coordenador-técnico do OC e coordenador do SEEG.
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Brasil não cumprirá meta estabelecida para 2020
A lei nacional de clima prevê redução em 80% da taxa de desmatamento na Amazônia. Mesmo que todo o desmatamento parasse hoje, a elevação detectada pelo sistema de monitoramento do Inpe nos últimos meses já nos coloca num patamar superior aos 3.925 km2 estabelecidos na lei. Com a meta de 2020 prejudicada, o país parte de uma posição pior para cumprir sua NDC, a meta do Acordo de Paris.