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Modelo aberto é o caminho do mercado de investimentos

Fim da exclusividade dos Agentes Autônomos de Investimento e criação de plataformas multibroker já começam a ganhar força

Lucas Moraes
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Lucas Moraes
Publicado em 10/11/2019 às 7:01
Foto: Divulgação/ Toro
Fim da exclusividade dos Agentes Autônomos de Investimento e criação de plataformas multibroker já começam a ganhar força - FOTO: Foto: Divulgação/ Toro
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Levantando a possibilidade de colocar fim ao contrato de exclusividade entre Agentes Autônomos de Investimento (AAI) nas negociações de valores mobiliários, uma consulta pública da CVM pode acirrar um pouco mais a disputa entre as corretoras independentes. Elo entre as corretoras e os investidores, a atuação dos AAIs atualmente é vinculada a uma única instituição e, a depender do resultado da consulta pública, os mais de 7 mil agentes atuando no Brasil poderão oferecer um gama maior de produtos financeiros e com maior independência.

Essa pelo menos é a visão da fintech e corretora Toro, que atualmente não faz uso de agentes autônomos. “O agente tem muito a liberdade dele, e a Toro é bem específica em quesitos como educação financeira e tecnologia. Nosso objetivo é levar simplicidade e democratizar o investimento no Brasil, por isso trazemos o investidor à nossa plataforma, sem auxílio de agentes. De certa forma o fim dessa exclusividade é muito parecida com o que hoje é um corretor de seguros: ele consegue oferecer ao cliente o melhor porque tem várias seguradoras. Então o agente autônomo tendo acesso, com certeza vai oferecer aquilo que está alinhado com o perfil dos clientes”, acredita Panonko. Hoje a Toro já contabiliza mais de R$ 100 bilhões investidos via plataforma e conta com mais de 200 colaboradores.

Na outra ponta, prestes a estrear na venda de ações em bolsa de valores, a XP Investimentos não concorda muito com o fim do contrato de exclusividade dos agentes. Com mais de 1,2 milhão de clientes ativos e cerca de R$ 350 bilhões de valor total sob custódia, a companhia se manifestou contrária em posicionamento enviado à CVM, alegando aumento dos “custos das plataformas abertas de investimento” para conquistar e manter clientes, ao gerar a expansão do modelo canal próprio e para fiscalizar o trabalho feito pelos AAIs independentes.

“A flexibilização da obrigação de exclusividade trará redução no processo de sofisticação do portfólio de investimentos do investidor brasileiro, tendo em vista a iminente redução do canal de distribuição via AAIs e a provável dificuldade de expansão das plataformas abertas”, justifica a XP. Atualmente, a corretora conta com mais de 660 escritórios de “assessores credenciados”, distribuídos por 180 cidades de 25 estados do Brasil.

Multibroker

Diretor do hub financeiro TradeMap, Gustavo Reis acredita que o investidor por si só já tem trazido esse movimento de maior liberdade antes mesmo da mudança de regulação. “O que a gente tem visto hoje é a presença da força do usuário e do cliente no movimento regulador e até no mercado. Em plataformas como o TradeMap, o usuário já consegue ter acesso a várias opções porque hoje já tem tecnologia e vontade dele para isso. O mercado já convergiu para esse modelo aberto. Quem não queria divulgar seus produtos, agora vê que isso vai ser melhor, porque o mercado está centrado na necessidade do usuário”, alerta.

Criada em 2018, a TradeMap funciona como um espelho das opções de investimento e acompanhamento das ofertas de mercado, da renda fixa até a compra de ações. “Mais de 50% dos investidores da bolsa são usuários do TradeMap. Despertamos uma corrida do mercado por estar na nossa plataforma. Começamos com renda fixa, apresentando aos investidores num único lugar todas as opções e, agora, pegamos esse gancho e trouxemos para o mercado de renda variável, evoluindo da possibilidade de analisar, consultar, acompanhar e não executar. Agora o usuário não precisa mais fechar o aplicativo e abrir o da corretora outros. O nosso desafio foi não ser corretora, mas levar essa demanda para elas, que viram isso como oportunidade de negócio”, adianta sobre a transformação da plataforma, que a partir desta semana passa a rodar como multibroker, permitindo compra e venda de ações listadas nas bolsas de valores, do Brasil (B3) e Estados Unidos (NYSE e NASDAQ) inicialmente através de 16 corretoras parceiras.

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