O número de Empresas Simples de Crédito (ESC), criadas entre abril e dezembro deste ano, superou a expectativa, totalizando 538 unidades em 24 estados e no Distrito Federal, conforme levantamento realizado pelo Sebrae. Inicialmente, era esperada a abertura de 300 ESC para todo o ano de 2019, mas a soma já foi ultrapassada. A meta estabelecida para o próximo ano é de mil empresas.
A Empresa Simples de Crédito, apesar de não ser considerada uma instituição financeira, pode realizar operações como empréstimos, financiamentos e descontos de títulos exclusivamente para MEIs (micorempreendedores individuais) e empresas de pequeno porte. As ESC não podem estar atreladas a bancos e só podem operar com capital próprio. A única forma de remuneração das ESC deve ser os juros cobrados nas operações financeiras, que hoje estão, em média, em 4% ao mês. Estas novas empresas de crédito devem injetar cerca de R$ 20 bilhões por ano nos pequenos negócios e na economia do País, segundo o Sebrae.
São Paulo lidera o ranking com 187 ESC, totalizando um capital de R$ 80,7 milhões; seguido pelo Paraná, com 47 empresas e R$ 20,4 milhões de capital. Somando-se todas as empresas em funcionamento no País, o capital total soma mais de R$ 232,9 milhões, cerca de R$ 60 milhões a mais do que o valor do último levantamento feito pelo Sebrae. Pernambuco registrou a abertura de 10 ESC, com capital total de cerca de R$ 4,5 milhões.
CRÉDITO
Para Adalberto Luiz de Souza, coordenador de projetos de inovação financeira do Sebrae Nacional, o grande número de abertura de empresas de crédito na modalidade simplificada tem a ver com o crescimento da demanda e também com a oportunidade de negócios. “Muita gente que tinha capital e vontade para emprestar dinheiro não o fazia porque era necessário criar ou se associar a uma instituição financeira, no caso da ESC o capital pode ser pequeno e a forma de remuneração é superior a uma aplicação tradicional”. Adalberto diz ainda que a demanda dos pequenos negócios tem crescido nos últimos meses.
“Depois de um período de estagnação a busca por investimentos e, consequentemente crédito vem crescendo, ainda timidamente. Mas deve aquecer no início do próximo ano, assim como toda a economia”, planeja o analista. Uma pesquisa divulgada recentemente pelo Sebrae, mostra que houve uma melhora no nível de interesse dos donos de pequenos negócios pela busca de crédito junto ao sistema financeiro. Entretanto, esse percentual ainda é baixo: apenas 18% dos empreendedores buscaram empréstimo ou financiamento novo em 2019. O levantamento do Sebrae revelou ainda que aversão à tomada de empréstimos (não confia na política econômica, tem medo de não conseguir pagar ou não gosta de empréstimos) – apesar de menor que 2018 – ainda é significativo. 23% dos empreendedores demonstraram algum tipo de receio no momento de tentar obter crédito no sistema financeiro.