O Governo de Pernambuco e o Conselho de Turismo (Contur) da Ilha de Fernando de Noronha se pronunciaram, nesta sexta-feira (10), sobre as críticas feitas ao local por parte do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) nessa quinta (9). Em uma das declarações o líder disse que quem viajar para a Ilha será ‘escalpelado’ devido aos preços cobrados no local.
Em nota, o Governo informou que a cobrança de taxas federais aos turistas não compete à administração da Ilha, seja a definição de valores ou a sua aplicação e que acredita que o assunto seja tema para pronunciamento do Meio Ambiente, pois são recursos recolhidos pelo Governo Federal. Confira nota na íntegra no fim desta matéria.
Já Dora Martins, que é chefe do Contur da Ilha de Fernando de Noronha, disse que o presidente 'não está sabendo sobre o que está falando'. Segundo ela, a torre eólica que Bolsonaro disse que deixou de funcionar por causa da morte de um pássaro, na verdade, foi atingida por um raio. "A turbina foi destruída por um raio, não tem nada a ver com um pássaro", explicou.
Dora também rebateu a fala de Bolsonaro sobre os preços cobrados na Ilha. "O ingresso ao Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha, custa R$ 111, não é o valor que ele disse", completou.
Outro ponto que a chefe da Contur destacou foi que a comunidade turística está tentando entrar contato com os ministros e com o presidente da Embratur, indicados por Bolsonaro, para explicar quais são os reais custos da Ilha e como ela funciona.
"Nós ficamos muito preocupados, porque foi feito um marketing negativo sobre a Ilha e a sobrevivência dela vem mais de 90% do turismo. O brasileiro que poderia ir para lá, ouvindo isso talvez não vá. Gostaria que tivesse a oportunidade de ir para Noronha para nós recebê-lo e ele ver que o local é um santuário, um paraíso", disse.
A reportagem do Jornal do Commercio entrou em contato com a EcoNoronha, do Grupo Cataratas, responsável por administrar as taxas da Ilha, mas a empresa não quis se pronunciar.
Entenda o caso
Ao fazer uma transmissão ao vivo em sua página do Facebook, o presidente Jair Bolsonaro fez duras críticas à Ilha de Fernando de Noronha e falou para o turista ‘pensar bem’ antes de ir ao arquipélago, já que, segundo ele, muitas multas são cobradas pelo local.
Durante a live, Bolsonaro também disse que uma torre de energia eólica havia parado de funcionar, devido à morte de um pássaro na hélice dela.
O presidente também falou que se ele caso ele estivesse errado, os responsáveis pela Ilha entrem em contato com o Ministério do Turismo, com Ricardo Salles ou com o presidente do Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur), Gilson Neto, para que ele possa se divulgar o que for certo referente à Ilha.
Confira a transmissão ao vivo feita por Bolsonaro, que começa a falar sobre Fernando de Noronha a partir dos 26 minutos e cinquenta segundos:
Nota do Governo de Pernambuco na íntegra
"A Administração da Ilha de Fernando de Noronha, depois de implantar o programa Noronha Plástico Zero, também deu início ao Programa Noronha Carbono Zero. Nesta semana, o governador Paulo Câmara sancionou a Lei que determina a proibição de carros à combustão, na ilha, indicando os prazos para cumprimento da medida. Agora em fevereiro começa a funcionar o primeiro Ecoposto público, que funciona à base de energia solar, para abastecimento de carros elétricos - muito menos poluentes, mesmo que não sejam abastecidos por fontes de energia limpa. O próximo passo da gestão estadual, em Noronha, é a mudança gradual da matriz energética da Ilha, para que em 2030 toda ela funcione com energia renovável.
A respeito da cobrança de taxas federais aos turistas, como a mesma não compete à administração local, seja a definição de valores ou a sua aplicação, acreditamos que seja tema para pronunciamento do Ministério do Meio Ambiente, pois são recursos recolhidos pelo Governo Federal.
Em Noronha, seguiremos o intenso e produtivo trabalho de consolidação da Ilha como uma referência internacional em sustentabilidade, com preservação da natureza mas, também, desenvolvimento, requalificação da infraestrutura, a exemplo do Porto (obra concluída) e da instalação de iluminação LED na BR (a iniciar ainda em janeiro) e com um forte olhar voltado aos seus moradores. Uma série de intervenções estão sendo realizadas, como a entrega de 26 novas casas populares, requalificação de 11 ruas, melhoria das estruturas da Escola de Referência em Ensino Médio Arquipélago, do Hospital São Lucas, otimização da limpeza urbana e a devida destinação dos resíduos sólidos."