Uma força-tarefa montada por Ministérios Públicos (MPs) de todo o Brasil trabalha em rede para montar uma ofensiva contra a “febre” das pirâmides financeiras que atingiu o País. Até agora, as investigações resultaram no bloqueio de contas e suspensão de atividades da Telexfree e da BBom, as duas principais acusadas de serem pirâmides, um crime contra a economia popular. Mas o MP de Goiás, procurado ontem, informou haver outras 16 empresas sob investigação pela força-tarefa, que reúne os Ministérios Públicos Federal e dos Estados.
O número de pessoas que investiu em negócios suspeitos de serem pirâmides começa a atingir proporções alarmantes. Só a Telexfree teria ultrapassado com folga 1 milhão de adesões. A BBom montou um sistema que envolve outros 300 mil participantes. Os MPs começam a não divulgar os nomes das demais empresas para preservar as investigações, porém considerando a quantidade de negócios, a escala de investidores cresceu bastante.
Uma das maiores dificuldades no andamento das investigações é a mistura da quantidade de gente comprometida financeiramente com as empresas e as redes sociais. A fórmula já resultou até em ameaças de morte contra a juíza Thais Borges, da 2ª Vara Cível da Comarca de Rio Branco, que suspendeu, no último dia 18, a operação da Ympactus Comercial Ltda., razão social da Telexfree.
A pressão se repetiu no MP do Acre, que denunciou a Telexfree, e agora também no Ministério Público Federal em Goiás – uma das autoras da ação, a procuradora da República Mariane Guimarães, teve que sair de férias logo após a Justiça ter atendido a seu pedido de bloquear as contas da BBom.
Em geral, as pirâmides dão muito lucro aos primeiros participantes, mas são um crime porque esse rendimento gordo é o dinheiro de novas pessoas que aderem ao esquema e não lucro real. Quando chega a hora em que ninguém mais topa aderir à pirâmide, ela quebra, deixando muito mais gente no prejuízo do que todo mundo que lucrou.
Procurado por telefone, o MPF de Goiás informou não haver porta-voz disponível sobre o assunto, pois Mariane Guimarães saiu de férias. Em uma nota que distribuiu sobre o caso BBom, o MPF de Goiás diz que “entre os objetivos da medida estão evitar (a entrada no esquema de) novas vítimas e, em relação à pessoas que já estão no esquema, os bloqueios servem para reaver o máximo possível do dinheiro investido.” Ainda no texto do MPF, o procurador da República Helio Telho, diz que “o fenômeno das redes sociais pontencializou de forma assustadora a ação danosa dessas pirâmides financeiras. A cada dia surgem novas empresas escondendo seus esquemas de pirâmides em novos produtos e serviços. O cidadão deve ficar atento e desconfiar de promessas de ganho de muito dinheiro sem ter que vender um produto ou serviço real.”