As construtoras que trabalham no programa Minha Casa Minha Vida irão dar um voto de confiança ao Governo Federal. Na semana passada, foi proposto um acordo que promete pagar, até o dia 15 de agosto, R$ 1,6 bilhão devido pelo governo. Em troca, as empresas concordariam em receber os pagamentos, a partir da metade do próximo mês, em até 60 dias após o serviço ser realizado.
O acordo atinge apenas as construções da faixa 2, voltada às famílias que ganham de R$ 1.600 a R$ 3.275, e da faixa 3, que contempla famílias que ganham até R$ 5 mil. De acordo com a diretora do Sinduscon-PE, Betinha Nascimento, o prazo para os pagamentos depende do faturamento das construtoras. "Se o faturamento for de até R$ 48 milhões, o prazo é de 30 dias. Se for entre R$ 48 milhões e R$ 96 milhões, o Governo tem até 45 dias para pagar e, acima de R$ 96 milhões, até 60 dias", explica.
A diretora explica que, à princípio, a maior preocupação das construtoras é de ter os pagamentos quitados pelo Governo. "A primeira etapa é essa regularização até agosto. Estamos confiantes com a promessa, pois, desde de outubro do ano passado, os pagamentos são atrasados. Depois disso, se houver atrasos nos próximos, vamos tentar um novo pacto", diz.
Para o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins, os pagamentos não deveriam depender de acordos, mas a decisão pode ajudar o quadro em que se encontram as construtoras. "Não é o que gostaríamos, mas, em um momento tão difícil pelo qual o Brasil passa, o Governo se comprometer com determinados prazos já é algum avanço. Vamos dar um voto de confiança para ver se conseguem fazer o País andar", afirma.
Segundo o presidente da CBIC, até abril de 2014, as construtoras eram pagas em até dois dias. Após esse mês, o prazo era de 15 dias e, posteriormente, começaram os atrasos.
Ele afirma que a falta de compromisso em relação aos pagamentos pode trazer prejuízos maiores para o próprio Governo no futuro. "Isso atrapalha um produto que já tem uma margem de lucro muito pequena. Então, se atrasa, as empresas retiram dinheiro dessa margem, o que torna o negócio menos atrativo. Quando se tem menos empresas interessadas, em algum instante, o Governo terá que pagar mais caro", pontua.
O Governo já depositou R$ 600 milhões do débito. Até o dia 15 deste mês, deve pagar mais R$ 850 milhões e, em agosto, quitar toda a dívida.