EMPREGOS

O desafio de manter o emprego

Buscar qualificação e se adaptar às necessidades da empresa são as principais dicas dos especialistas. Manter uma rede de contatos também é essencial

Anna Tiago
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Anna Tiago
Publicado em 12/07/2015 às 7:00
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Buscar qualificação e se adaptar às necessidades da empresa são as principais dicas dos especialistas. Manter uma rede de contatos também é essencial - FOTO: Sérgio Bernardo / JC Imagem
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As estatísticas assustam: na última quinta-feira, o IBGE divulgou o aumento de 8,1% da taxa do desemprego no trimestre encerrado em maio, a maior da série histórica da pesquisa, iniciada em 2012. Isso significa que, no Brasil, há mais de 8 milhões de pessoas desempregadas. Entre os brasileiros que se mantêm trabalhando, prevalece o medo de perder a fonte de renda. Já quem está fora do mercado de trabalho teme não se recolocar. Diante de tanta insegurança, uma coisa é certa: se desesperar nesse momento não leva a carreira profissional a lugar nenhum.

Taciana Sales sabe bem disso. Após seis meses trabalhando em um call center, foi desligada da empresa, que precisou fazer cortes no quadro. Apesar da situação ruim, ela viu no seguro-desemprego uma chance de concluir o curso de administração e se qualificar para voltar ao mercado. “Essa é a hora de tentar recomeçar. Com essa crise, fica tudo mais seletivo, então vou concluir minha graduação, fazer um curso técnico e voltar”, diz.

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Buscar uma qualificação e se manter atualizado na área em que atua é a dica dos especialistas não só para quem está desempregado. Quanto mais cedo o profissional se preocupar com isso, maior a chance de “salvar” o emprego. “A crise pode ser uma oportunidade para que a gente pare e reflita se é um profissional atrativo no mercado. Se não, o que devo fazer para me tornar, seja na minha empresa ou em outra?”, avalia a gerente de transição de carreira da Thomas Case & Associados, Cristiane Antunes.

A possível ameaça vem fazendo com que os profissionais mudem sua postura no trabalho. Para se mostrar essencial à empresa, é necessário ser proativo, ter disposição para aprender novas tarefas, desenvolver atividades que não sejam necessariamente da área em que atua e colaborar com os colegas. “Hoje há um volume de profissionais competentes disponíveis no mercado, muitos com salários mais baixo e isso, de fato, preocupa quem está empregado. A zona de conforto tem que sair do vocabulário das pessoas, não tem mais espaço para estar se escondendo”, avalia Georgina Santos, consultora da Ágilis RH.

Sair da zona de conforto significa, principalmente, assumir um perfil multitarefa. “Como as empresas estão enxugando os gastos, nem sempre contratam outra pessoa e você pode acabar absorvendo outras funções. Se não for um profissional flexível, vai ‘dançar’, porque alguém vai fazer aquele trabalho ganhando 30% a menos e feliz”, reforça Cristiane.

Mostrar disponibilidade para realizar funções novas agora pode abrir portas mais à frente. “Quem sabe, saindo da crise, esse profissional não possa ser eleito para um nível de maior responsabilidade? Essa é a chance de ele enriquecer a carreira profissional”, acrescenta o consultor de carreira Fernando Capella.

Mas um alerta: mesmo acumulando funções, essa não é a hora oportuna para falar em aumento salarial. “Se o profissional consegue manter essa visibilidade pelos resultados que está entregando em um momento de retração, é muito provável que esse ‘algo a mais’ se traduza em um incremento salarial”, comenta Capella.

O segredo é não se desesperar e enxergar além. “Dá para ser otimista e ter confiança no futuro. Os altos e baixos fazem parte de um processo de autodesenvolvimento e, nessas horas, a gente descobre que tem mais recursos do que imagina”, completa Maria Lúcia Pettinelli, consultora da EcoSocial.

NETWORK

Uma dica valiosa é manter a rede de contatos profissionais sempre ativa. Ter um bom relacionamento com os colegas de trabalho ou com profissionais da área em que atua é essencial, seja para troca de informações ou recolocação profissional. “Normalmente, as pessoas de sucesso são as que praticam o networking, que estão abertas a contribuir e se relacionar. Hoje temos ferramentas que ajudam, como o LinkedIn, Facebook e até o Whatsapp, mas nada substitui o olho no olho, participar de eventos, cursos ou congressos para aumentar sua rede e saber o que está acontecendo no mercado”, afirma Cristiane.

Ter bons relacionamentos pode ajudar a abrir portas, seja para trabalhar em outro lugar, seja para abrir seu próprio negócio. “Se tem um network, significa que, mesmo que você tenha que atravessar por um processo de transição de carreira ou desemprego, pode sair dele mais facilmente”, ressalta Capella.

Para ele, é essencial manter sua rede de contatos em qualquer esfera. “Não apenas os contatos profissionais podem ajudar, mas também contatos de amigos. Uma pessoa que você conheceu nas férias ou em um churrasco pode trazer consigo uma oportunidade profissional que você nem imaginava”, completa.

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