BACIA LEITEIRA

Solução para recuperar o gado perdido na seca

Laboratório privado de fertilização in vitro instalado em Canhotinho promete multiplicar a velocidade de reprodução e melhorar a resistência do rebanho

Da editoria de economia
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Publicado em 17/07/2015 às 9:24
Foto: Arquivo ANPr
Laboratório privado de fertilização in vitro instalado em Canhotinho promete multiplicar a velocidade de reprodução e melhorar a resistência do rebanho - FOTO: Foto: Arquivo ANPr
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A Bacia Leiteira de Pernambuco sofre com as consequências da estiagem, que desde 2012 já reduziu o rebanho dos 80 mil produtores da região em quase um terço – de 2,5 milhões para 1,9 milhão, segundo dados da Agência de Defesa e Fiscalização Agropecuária (Adagro). A produção de leite também caiu: passou de 2,5 milhões de litros por dia para 1,8 milhão, de acordo com a o Sindicato das Indústrias de Laticínios (Sindileite).

Um dos gargalos da produção é a baixa taxa de natalidade. No Agreste, a cada 100 vacas em idade de reprodução, apenas 39 dão à luz, enquanto no Sertão a proporção é ainda mais baixa, 25 a cada 100. De olho nessa demanda, os veterinários Camila e Thiago Ramalho implementaram em Canhotinho o primeiro laboratório privado de Fertilização In Vitro para gado do Estado.

“Até agora, o produtor local só tinha como opção recorrer a laboratórios de universidades ou recorrer a empresas do Sudeste/Sul”, explica Thiago Ramalho. A Poligen Embriões In Vitro teve um aporte de investimento de R$ 300 mil e fica situada dentro das terras da Fazenda Murici. “Uma vaca de qualidade consegue ter uma cria por ano e bons reprodutores levam até 10 gerações (30 anos) para chegar a um rebanho de alta produção. Quando utilizamos barrigas de aluguel em todo o rebanho, podemos aumentar para até 30 crias a cada ano”, afirma o veterinário.

Outra característica importante da fertilização artificial é que garante que o novo gado será mais resistente à seca. “O gado que sobreviveu à seca é mais adaptado ao nosso clima. Assim, podemos atender não só Pernambuco, mas também Paraíba, Alagoas, Bahia e outros vizinhos”, conta Ramalho. O investimento por embrião implantado é de R$ 500, mas não há custos caso a receptora não fique prenhe. “Para fazer o procedimento com laboratórios de São Paulo, esse custo por chegar a R$ 3 mil”, pontua o veterinário.

Alternativamente, no Estado, o Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA) implantou, na Estação Experimental de Arcoverde, uma central genética composta por Laboratório de Produção in vitro de Embriões e Centro de Coleta e Tecnologia de Sêmen. O centro está em processo de registro junto ao Ministério da Agricultura e, neste segundo semestre, produzirá sêmen e embriões. A meta é repassar cerca de 10 mil doses de sêmen e 500 embriões produzidos in vitro para os produtores de leite de Pernambuco até o final do ano.

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