Neste ano de renda comprimida e desemprego em alta, o Dia dos Pais - que já não é considerado uma data muito importante para o comércio- será bastante pior.
Inflação, juros altos e pouco crédito farão encolher um presente que tradicionalmente não tem nem o apelo emocional que envolve o Dia das Mães, quando os filhos gastam do próprio dinheiro ou pedem para os chefes da família os gordos recursos para investir no regalo.
O presente do Dia dos Pais, geralmente relegado, costuma ser adquirido com o "dinheiro da casa", ou seja, o mesmo montante que também pode ser destinado ao pagamento da inflacionada conta de energia, da água ou do aluguel, segundo economistas da FecomercioSP.
A expectativa é de uma queda em torno de 3% na comparação com as vendas realizadas no Dia dos Pais de 2014, de acordo com cálculos da entidade.
É uma data que não costuma registrar alta concentração de vendas. Perde até para o Dia dos Namorados e por vezes para o Dia da Criança, de acordo com economistas. Não é sequer reconhecida como uma sazonalidade por setores como o vestuário.
"Agosto já é um mês bem fraco, que pega a ressaca dos gastos com as férias escolares. E, neste ano, ele entra em um calendário de intensificação da crise, desemprego, intenção de consumo em recordes de baixa e queda da confiança", diz o assessor econômico da FecomercioSP Vitor França.
A inflação e o dólar alto deixaram mais escassas as opções de presentes. Nem bicicletas, nem chocolates, nem as cervejas gourmet da moda escaparam da alta de preços.
Nos últimos 12 meses, o impacto do aumento dos tributos sobre bebidas frias e a alta do dólar pode influenciar o preço da bebida importada, segundo França.
"Outro presente preferido pelos pais, os eletrônicos, itens de maior valor como TVs e computadores, também devem perder espaço, devido aos juros altos e ao conservadorismo dos consumidores que estão evitando se endividar", diz França.
Para quem ainda quer presentear, as liquidações, que agora parecem constantes no ramo de vestuários e calçados, ajudaram a manter a alta abaixo da inflação.
Na hora da compra é bom fazer pesquisas para desembolsar um pouco menos. O Procon-SP alerta que pode haver uma grande variação de preços nos itens mais buscados. De acordo com o órgão de defesa do consumidor, um mesmo smartphone pode custar R$ 1.499 em um estabelecimento e R$ 649 em outro.
"Além dos preços e modelos, também devem ser comparados e avaliados as formas de pagamento, descontos, juros no caso de parcelamento e eventual cobrança de frete", informa o Procon-SP.
OUTRAS DATAS
O Dia das Mães deste ano já mostrou que nem as datas comemorativas mais importantes no calendário do comércio estão conseguindo contribuir para a aceleração do consumo.
Em maio, as vendas do varejo recuaram 4,5% na comparação com igual mês do ano passado, segundo dados do IBGE.
A Páscoa também foi exemplo de vendas fracas neste ano e só conseguiu manter vendas estáveis devido às promoções realizadas na véspera, conforme apontou levantamento da Serasa Experian.
E no Dia dos Namorados, outra data que ganhou importância para o setor nos anos recentes, o crescimento das vendas de flores não chegou a superar a inflação.