A França é uma das principais potências agrícolas do mundo, mas, diferentemente do Brasil, não direciona sua produção para exportações. Claro que eles vendem vinhos e queijos para o mundo todo, mas a prioridade sempre foi o mercado interno. O Brasil também é uma potência, mas exporta basicamente matéria-prima, produto sem muito valor agregado, mas que, ainda assim, vem evitando um baque maior na nossa combalida economia, é bom que se diga.
Na França, se há um lugar perfeito para observar costumes e gostos do cidadão pela própria agropecuária são as feiras livres e mercados públicos. O JC passou uma manhã no mercado Beauvau e na feira que fica na Place d 'Aligre, em Paris.
Durante seis dias por semana (menos às segundas), entre a Praça da Bastilha e a Praça da Nação, funcionam feira e mercado. Além de parisienses típicos, há turistas de todo o mundo. O caráter global do local também pode ser verificado pela nacionalidade dos vendedores e pelos próprios produtos. Marroquinos, indianos, argelinos, portugueses vendem mangas do Mali, cerejas do Japão, flores da Tailândia, mamões-papaya do Brasil. São milhares de produtos expostos dentro e fora do mercado. Exóticos, raros, orgânicos e tradicionais. A higiene e a fiscalização constante chamam a atenção.
Nos finais de semana, estima-se que entre 30 mil e 50 mil pessoas frequentem a feira e o mercado de Aligre. Entre uma prova e outra, percebemos que não só o país prioriza a produção de qualidade, como também só autoriza a importação de mercadorias com a mesma característica.
Caminhando pela feira, é possível perceber que os produtos orgânicos, chamados de Bio, são cada vez mais procurados.
ORGÂNICOS
A agricultura orgânica na França cresce ano a ano. A Federação Nacional da Agricultura Orgânica (Afja, na sigla original) foi criada em 1978, com quatro sócios. Hoje, são 10 mil. Mas, ao todo, estima-se em 30 mil a quantidade de agricultores orgânicos no país. Eles ocupam 5% de todas as fazendas ou 1 milhão de hectares.
O faturamento do setor chega a 5 bilhões de euros por ano. “Nosso motor são as jovens mães que decidem comprar produtos orgânicos para seus filhos. Queremos sempre fazer algo diferente”, diz o presidente da federação, Julien Adda.
