TECNOLOGIA E NEGÓCIOS

Moedas virtuais fomentam mercados de Forex e opções binárias

Mercados 'secundários' não são regulamentados pelo Ministério da Fazenda, mas atraem investidores jovens, levados para a linguagem do mercado financeiro pelas inovações tecnológicas

Fillipe Vilar
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Fillipe Vilar
Publicado em 11/05/2018 às 19:20
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Mercados 'secundários' não são regulamentados pelo Ministério da Fazenda, mas atraem investidores jovens, levados para a linguagem do mercado financeiro pelas inovações tecnológicas - FOTO: Foto: Cortesia
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Especulações sobre as oscilações no mercado financeiro são uma fonte de lucro para muitas empresas e grandes investidores no mundo inteiro. Com a tecnologia cada vez mais à mão, isso tem saído do universo dos grandes investimentos e seduzido pessoas comuns, que querem fazer uma renda extra ou até mesmo viver de especulações. O surgimento das criptomoedas, as “moedas virtuais”, deu outra cara a esta tendência, criando um mercado cambial “secundário”.

Um desses tipos de mercado é o Forex, cujas operações envolvem compra e venda simultânea de moedas. De acordo com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), autarquia do Ministério da Fazenda, que regula atividades no mercado financeiro, o Forex opera com contratos derivativos, ou seja, derivados do preço publicado de outro ativo “real” ou “virtual”, no caso as moedas e criptomoedas.

O investidor compra um lote de moedas e “prevê” a cotação desta moeda em relação a outra, tomada por base. Acertando, ele poderá comprar esses ativos pelo preço estabelecido no contrato assinado com antecedência, tendo uma margem de lucro. Essas negociações são intermediadas por “casas de câmbio”, que fornecem aplicativos para abertura de contas, muitas vezes gratuitas, e realização de operações.

Outro tipo de aplicação deste tipo são as chamadas “opções binárias”. Neste segmento, são usados aplicativos como IQ Option e Olymp Trade. O que diferencia estas aplicações é que elas são baseadas no “day trade”, as oscilações de uma moeda ou criptomoeda em relação a outra durante um dia de negociações. Esses ambientes, que envolvem pessoas do mundo inteiro através da internet, não têm regulamentação específica da CVM. 

Procurada, a assessoria de imprensa da autarquia afirmou que vem publicando uma série de documentos, cartilhas e boletins, disponíveis no site da CVM, com o intuito de informar a população sobre este tipo de aplicações, que seriam de alto risco. Especialistas também alertam sobre os prós e contras desse tipo de aplicação.

“Todo investimento é um contrato”, afirma Luiz Fernando Araújo, Diretor de Investimentos da Finacap, empresa de consultoria financeira e mercado de capitais. “Sem regulação, não há proteção legal. O investidor não sabe a origem do recurso que viria de um ganho nesse tipo de operação, o que é muito arriscado”. Araújo também alerta que quem é lesado neste mercado, por ser irregular, não tem a quem recorrer.

Uma das vertentes do Forex mais em voga é o mercado de câmbio de criptomoedas. A CVM chama esse tipo de aplicação de “initial coin offerings” (ICOs). Para a autarquia, que estuda os riscos e benefícios desse tipo de atividade, ainda é cedo para uma posição do Ministério sobre o assunto, mas a CVM "busca estimular a introdução de inovações tecnológicas no mercado de valores mobiliários, sempre que alinhados ao norte da segurança dos investidores e da integridade do mercado”.

Jovens investidores

Ricardo Malafaia, 23 anos, trabalha como analista de sistemas e investe em criptomoedas desde 2015. “Comecei a acompanhar a evolução [das moedas virtuais] em fóruns na internet, como o Reddit. Sou da área de TI [Tecnologia da Informação], então sempre estive por dentro das novidades tecnológicas”, afirmou.

O aplicativo que Malafaia usa para acessar suas contas nas “casas de câmbio” é o TabTrader. “É um app para quem quer negociar por uma interface mobile”, diz o jovem investidor, que faz questão de atestar que sente segurança no negócio, apesar da falta de regulamentação. “Como é um mercado de risco, prefiro negociar por casas brasileiras já estabelecidas, como Mercado Bitcoin, Bitcoin to You e Foxbit”, assinalou.

Ricardo também atenta para os possíveis golpes, possibilitados pela falta de regulamentação. “Existe muita gente com más intenções, e essas pessoas acabam manchando a imagem desse mercado”, afirma, “muitas pessoas associam com esquemas de pirâmide ou coisas do tipo”.

Baseado em Amsterdam, capital da Holanda, o TabTrader explicita em seus termos e condições, em tradução livre: “Em nenhuma circunstância a empresa e seus associados devem ser culpabilizados por quaisquer danos atribuídos do uso ou inabilidade no uso dos materiais produzidos pela TabTrading V.B.s”. A empresa também afirma que está sob o âmbito judicial holandês.

Leonardo Schettini, 22 anos, estudante de Ciência da Computação, também é um entusiasta dos mercados de Forex e criptomoedas. “Hoje meu portfólio vale 75% a mais do que seu valor inicial e já chegou à marca de 300%. O que, para mim, só indica que quando se investe num mercado como esse precisamos ficar atentos a tendências, criar estratégias para aproveitar picos e quedas no valor das moedas da maneira correta”, atestou.

Schettini diz que faz pesquisas para basear seus investimentos. “Recomendaria [para quem quer investir] que pesquisasse sobre a moeda que deseja investir, buscasse ler opiniões tanto a favor como contra, visitar o site do projeto, ver a credibilidade da equipe por trás, ver se a moeda tem realmente um valor agregado e tirar sua própria opinião”, concluiu o estudante.

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