A empresa pernambucana Oceanus, do empresário Renato Safadi, pesca Atum a 1.000 km da Costa do Nordeste. Mesmo assim, não está distante das polêmicas envolvendo o consumo de pescado nos bares e restaurantes. “O setor está preocupado, neste primeiro momento, não se o peixe do litoral foi ou não contaminado, e sim com a disseminação de informações falsas, via redes sociais, mandando a população interromper o consumo de todo e qualquer pescado, sem nenhum embasamento técnico”, diz Safadi.
O empresário, que exporta Atum para os Estados Unidos e Japão e também abastece o mercado interno, disse que suas encomendas não diminuíram. “Por sermos uma indústria, temos todo o acompanhamento do Serviço de Inspeção Federal (S.I.F). Mas é importante que a população saiba que 80% do peixe consumido em Pernambuco não é produzido no Nordeste, vem do Norte ou do Sul. Duas espécies muito consumidas aqui vem de fora. A Pescada Amarela é do Pará e a Corvina, que tem muita saída por ser um peixe barato, é produzida no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina”, afirma o empresário que produz cerca de 15 toneladas por mês.
Também a ostra que o pernambucano aprecia nos restaurantes tem origem controlada. A empresa Ostramar, do empresário Cassiano Periquito, atende a cerca de 95% dos restaurantes do Recife. Os criatórios ficam nas praias de Caiçara do Norte e Tibau do Sul, no Rio Grande do Norte.
As ostras passam por um processo de depuração e esterilização da casca antes de serem colocadas em aquários para comercialização. A água do mar usada na depuração é colhida a quatro milhas de distância e trocada a cada dez dias na fase de manutenção. “Nós estamos procurando informar a nossos compradores sobre a origem e a qualidade do nosso produto, para que não haja nenhum dúvida” afirmou o Cassiano.
Outro empresário, Emerson Barbosa, da Costa Dourada, produz camarões em Sirinhaém, Litoral Sul de Pernambuco. Ele se diz indignado e perplexo com as informações desencontradas até por parte dos órgãos competentes e como isso pode afetar toda a cadeia produtiva do pescado. “Nossa atividade é fiscalizada pelo Ministério da Agricultura. Por determinação do Conama temos que fazer análises trimestrais da água do estuário que captamos para nossa produção. Nós não cultivamos no mar aberto, cultivamos no interior, na terra, em viveiros”, esclarece Emerson.
Membro da Associação Brasileira de Criadores de Camarão. Emerson diz que “se houver a comprovação de uma contaminação seremos os primeiros a alertar e suspender as vendas e tomar as medidas necessárias”, afirma. Ele alerta ainda que, para o consumidor, seria fácil identificar algum tipo de problema com o produto fora do padrão. “Peixes e camarões frescos, se forem atingidos por algum tipo de poluição, são os primeiros a morrer. Não tem como congelar um peixe podre e depois descongelar e dizer que está em boas condições”, informa Emerson que produz cerca de 40 toneladas de Camarões por mês.
No segmento de bares e restaurantes os clientes não se afastaram. Rosalvo Rocha, sócio do Beijupirá, da Praia dos Carneiros e dono de um hotel na mesma praia, disse que o movimento está o mesmo. “Em Carneiros tivemos a ocorrência do aparecimento do óleo, mas a população agiu e limpou a praia rapidamente e no outro dia o movimento de banhistas e turistas já foi considerado normal.
PESCADOS
“A gente tem procurado explicar que os pescados que temos hoje nos restaurantes, boa parte foi adquirida há algum tempo. Como o preço do pescado sobe muito no verão, muitos comerciantes fazem estoques desde junho, julho, agosto”. Ele diz que está lidando com uma possível retração dos clientes com esclarecimento, ao mesmo tempo que acompanha com atenção o que as autoridades vão apresentar dentro das precauções.
“Eu acho que existem várias maneiras de contornar e de explicar que no momento a gente não está oferecendo nenhum risco ao nosso cliente”, diz Rosalvo. “Estamos vendo que o pessoal tá tomando banho de mar, tá passeando de barco, as praias funcionam normalmente e a gente acha que tudo ruma para a normalidade”, conclui Rosalvo.
Ricardo Barreto, proprietário do restaurante Munganga Bistrô, em Porto de Galinhas, também diz que não sentiu nenhum tipo de queda no movimento, “até porque estamos localizados nas piscinas naturais, que não foram atingidas, assim como Recife não foi”. Roberto explica que os poucos restaurantes que trabalham com espécies locais de pescado suspenderam temporariamente a oferta desses peixes por precaução. “ O fato é que quem quiser vir para Porto de Galinhas, pode vir que vai comer sem problemas”, assegura.
No Caldinho do Neném, tradicional point de frutos do mar, a assessoria informou que tanto a unidade de Porto de Galinhas como a do Pina, no Recife, não tiveram alteração em sua rotina de clientes. A casa que existe há 25 anos, está com ocupação média de 60% de quinta à domingo e 100% nos finais de semana nas duas unidades.