Assistentes de voz

Comando de voz caminha para liderar interação entre homem e máquina

Brasileiros já se apropriaram dos assistentes de comando de voz

Lucas Moraes
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Lucas Moraes
Publicado em 23/12/2019 às 8:23
Foto: Felipe Ribeiro/JC Online
Brasileiros já se apropriaram dos assistentes de comando de voz - FOTO: Foto: Felipe Ribeiro/JC Online
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“No próximo ano ou nos próximos dois anos, no máximo, a voz irá prosperar de forma muito rápida. A gente já previa que a voz seria a grande interface de comunicação, e realmente é o que está acontecendo”. A afirmação é do diretor adjunto de inteligência artificial, robótica e advanced analytics da Accenture, David Dias, mas não é preciso ser nenhum especialista para compreender que o uso da voz aliada à tecnologia tem caminhado para se tornar a principal forma de interação entre máquinas e humanos. Os brasileiros já estão há algum tempo se apropriando desse processo.

Pelo próprio smartphone, quem não já se aventurou a conversar com a Siri (IOS) ou o Google Assistente (Android) e passou a fazer uma transferência com a Bia (do Bradesco) ou realizar uma compra com a Lu (da Magazine Luiza)? “Há 20 anos, quando estávamos no advento do www (world wide web ou, em português, rede de alcance mundial) todas as empresas estavam brigando para ter uma página, que no começo era informacional ou, como vemos agora, é transacional. É basicamente uma repetição do que aconteceu lá atrás. Todas as empresas vão ter que ter presença nesse novo ecossistema ao redor da voz. Primeiro de forma informacional e depois transacional. A velocidade é tanta que, nos casos que a gente vem trabalhando, as empresas já querem ser transacionais. Você já pode fazer um pedido de determinado produto 100% através de voz, e as possibilidades são as mesmas que se tem acessando uma página na web”, explica Dias.

 

O comando de voz como motor das novas gerações de dispositivos tecnológicos é fruto da evolução da Inteligência Artificial. Segundo o próprio diretor da Accenture, o aperfeiçoamento das inteligências artificiais cognitivas, principalmente a parte de entendimento da voz e processamento da linguagem já chegam a níveis de assertividade acima dos 90%, conseguindo se comunicar muito bem com a fala humana. Para David Dias, o poder da interface de voz será tanto que os hoje populares aplicativos logo chegarão ao fim da maneira que os conhecemos. “Você deve ter no seu celular uns 30 apps baixados, mas agora você vai chegar e dizer para a assistente consultar seu saldo no banco ou fazer qualquer outra coisa. O importante é entender o seguinte: o que desaparece realmente não é o app, mas a interface vai ser modificada. Toda a mecânica vai continuar a existir, mas a forma de interagir vai mudar completamente. Isso é muito bacana porque esses robôs estão padronizados, e eles podem chamar por outros robôs especialistas para fazer a conversa fluir, como a gente conversa normalmente com outras pessoas.”

Para tanto, a tecnologia de voz desenvolvida precisa estar padronizada com os dispositivos, e até mesmo as empresas parceiras, para que as skills (habilidades) possam ser desenvolvidas, sobretudo no caso do comando de voz para casas inteligentes, demandando a conexão de vários dispositivos e objetos. Para abrir caminho na formação desse ecossistema, na semana passada, a Amazon, Google, Apple e a Zigbee Aliance (que tem membros como a Samsung e a empresa de varejo Ikea) anunciaram a incitava de trabalho numa tecnologia padrão para que os dispositivos consigam conversar entre si, independentemente da marca.
“É um assunto que está sendo coordenado globalmente, mas o que posso dizer é que é importante a gente sempre pensar na experiência do consumidor, antes da concorrência. A casa inteligente, uma das coisas que você pode fazer com a Alexa, precisa ter a conectividade e os aparelhos funcionando. Estamos num momento muito favorável no Brasil, com lançamentos também de dispositivos, lâmpadas, câmeras, fechaduras inteligentes e demais equipamentos que se conectam. As empresas todas estão criando isso, e oferecer para o nosso consumidor a solução com menos fricção possível é o que acreditamos como possível”, diz o Country Manager da Amazon no Brasil, Ricardo Garrido.

“A interface de voz é uma tendência que ainda está começando, mas já tem um público consistente no Brasil. No celular, 34% das pessoas no começo do ano já usavam interface de voz. É uma questão de desenvolvimento da linguagem artificial, mas também uma questão de praticidade, o que, de certo, modo facilita o acesso das pessoas”, conta o diretor acadêmico da Digital House Brasil, Edney Souza.

Ainda não há regulação para o uso dos dados dos assistentes de voz

Quanto à segurança do uso da voz, na visão de Souza, os cuidados deverão seguir sendo os mesmo, com sistemas de autenticação, além da voz para cesso aos sistemas. “Hoje os Estados Unidos não têm regulação sobre a questão do uso de dados, inclusive os dados de voz. Então, as empresas norte-americanas (de tecnologia) estão ouvindo o que querem. Os EUA, de fato, estão discutindo muito sobre regular privacidade, mas 2020 é ano de eleição lá, então é mais provável que algo entre em vigor só em 2021. No Brasil, a Lei Geral de Proteção de Dados protege também o uso de dados de voz, porque a voz gera um problema que é o reconhecimento. Ouvindo, você consegue relacionar a voz ao dono dela, então como as empresas conseguirão comprovar a anonimização da voz ou fazer com que ela não seja linkada com um usuário?”

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