Há quanto tempo você não vê uma moeda de R$ 0,01? A moedinha realmente parece ter sumido das ruas nos últimos anos. Apesar disso, as lojas continuam a praticar a antiga jogada de marketing dos R$ 0,99, mesmo sabendo que não terão troco para dar ao cliente. Provavelmente, R$ 0,01 não fará estrago na conta bancária de nenhum brasileiro, mas, principalmente para os grandes estabelecimentos comerciais, pode fazer diferença ao fim do mês, afinal, como diz o ditado, “de grão em grão, a galinha enche o papo”, ainda mais quando o grão fica livre de impostos.
De acordo com os dados do Banco Central (BC), há hoje no País quase R$ 32 milhões circulando em formas de moedas de um centavo, entre as da antiga e nova família. Ainda que a instituição alegue que “a quantidade disponível de moedas no Brasil é compatível com o meio circulante”, está difícil comprovar a informação nas ruas. Sandra Etiene possui uma lojinha de bijuterias no Centro da Cidade há cerca de 7 anos e diz que evita utilizar valores quebrados porque sabe que não irá conseguir troco. “Moeda de um centavo, meu Deus, não se vê nunca”, diz ela, que também afirma nunca exigir o trocado nos estabelecimentos que frequenta.
Uma pesquisa do próprio BC, realizada no ano passado em todas as capitais brasileiras, mostra que, entre 2007 e 2010, o percentual de pessoas que sempre exige troco dos caixas ou cobradores, mesmo que seja um valor pequeno, caiu de 64% para 58%.
Prova disso é Gilberto Martins, encarregado da gerência de uma loja de roupas do centro, onde só se veem afixados valores quebrados. “É tudo uma questão de marketing”, atesta. Todos os preços praticados no estabelecimento, que existe há 35 anos, terminam em R$ 0,99. Mesmo quando há promoção, o valor continua quebrado, geralmente envolvendo R$ 0,07.
O coordenador do Procon Estadual, José Rangel, explica que o prejudicado nunca pode ser o consumidor. “Se não tem troco, que o prejuízo fique para o lado considerado mais forte, geralmente os estabelecimentos. O justo, então, é que o vendedor dê ao cliente moedas de valor mais alto”, diz ele. Rangel toca ainda em outro detalhe: “chiclete não é moeda”. “É uma obrigação do fornecedor de bens e serviços adquirir moedas para troco, principalmente quando faz promoções”, orienta.
QUANTO CUSTA
Fabricar moedas custa caro. Para se ter ideia, confeccionar R$ 0,01 custa aos cofres públicos R$ 0,13.
A moeda de R$ 0,05, R$ 0,16 e a de R$ 0,10 custa R$ 0,20. A de R$ 0,25 se aproxima do valor real, custando cerca de R$ 0,26. Já para as de R$ 0,50 precisam ser desembolsados R$ 0,30 e para as de R$ 1,00, R$ 0,34.