Mercado de Trabalho

Como se relacionar com a geração Y no trabalho

Chefiar jovens com características tão diferentes é um desafio para os mais velhos

Raissa Ebrahim
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Raissa Ebrahim
Publicado em 29/01/2012 às 22:01
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O ingresso da geração Y, também conhecida como a geração da internet – jovens nascidos entre 1980 e 1990 – no mercado de trabalho deu origem a novas relações de trabalho dentro das empresas. Os gestores mais velhos têm estado à frente de um grande desafio: como lidar com profissionais que cada vez mais levam para dentro das empresas os seus valores pessoais, vivenciam uma ascensão profissional acelerada e têm como principais aspirações o uso e a adaptação rápida de ferramentas tecnológicas.

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Como lidar com a geração Y nas empresas

Para Eline Kullock, presidente do Grupo Foco, a geração Y é marcada essencialmente por pessoas que agem na base da tentativa e do erro, para quem a palavra do momento é compartilhar. De um mundo corporativo fechado, passou-se a vivenciar relações mais abertas; uma hierarquia mais caótica, menos rígida; uma disseminação maior do conhecimento, que deu lugar ao antigo conhecimento proprietário; e uma atenção menor ao currículo, ressaltando-se mais o valor das atitudes e da pro atividade. Eline esteve presente no evento “Geração Y: quebrando paradigmas”, realizado pela Câmara Americana de Comércio (Amcham), no Recife, na última semana.

“São pessoas que trabalham com menos culpa e mais enfrentamento”, diz ela. “Apesar disso, é uma geração que investe pouco no autoconhecimento, ponto essencial na carreira de um executivo. São jovens que, mesmo estando sempre em busca de feedback, se sentem extremamente frustrados se esse feedback vier a ser negativo. Ou seja, têm uma baixíssima resistência à frustração”, observa.

Eline também aconselha os gestores a não se sentirem culpados nem se colocarem abaixo dos mais novos. Isso cria barreiras na relação e acaba desembocando em um caminho oposto ao que poderia render bons frutos que é o da abertura à comunicação. “Também é preciso gerenciar expectativas e pensar que nem todo mundo tem a obrigação de querer as mesmas coisas, além de deixar as regras do jogo bem claras desde o início”.

Para Sérgio Vieira, diretor de marketing e ex-trainee da Coca-Cola Guararapes, que também esteve presente no evento, a dica é utilizar a sede de desafio dos jovens como combustível. Na Coca, cerca de 95% das 80 pessoas com as quais Vieira lida diretamente são da geração Y. Ele também indica ajudar o jovem a traçar seu próprio plano de carreira, mesmo que seu sonho não seja permanecer na empresa.

“Uma das grandes frustrações do jovem hoje é sentir que não colabora para a mudança do mundo onde vive e da empresa onde trabalha, bem como sentir que seu superior, seu líder, não lhe é acessível. A minha dica maior é manter sempre as portas abertas para o diálogo, para a troca”, aconselha. “Prometer desafios para essa geração pode, muitas vezes, render mais do que oferecer gordos salários”, acrescenta.

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