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Sassepe e HSE não entregam bom serviço aos usuários

Sistema próprio de saúde do Estado deixa a desejar. Há reclamações contra quase todos os serviços

Leonardo Spinelli
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Leonardo Spinelli
Publicado em 04/06/2013 às 8:14
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No ambulatório provisório do Hospital dos Servidores, na Rua do Paysandú, os usuários que conseguiram marcar a consulta há mais de um mês com o neurologista esperam pelo atendimento em pé, no meio do corredor. Quando há cadeira, as pessoas sofrem com o material de plástico duro, sendo que o desconforto é piorado pela falta de ar-condicionado. Na emergência, na Avenida Rosa e Silva, os pacientes reclamam de um ambiente de aspecto sujo, que não condiz com um hospital, e quem estiver mal não poderá deitar, pois não há macas disponíveis. Falta de médicos, redução de laboratórios e escassez de medicamentos estão na lista de queixas. Quando se trata do regime próprio de assistência médica do Estado, o Sassepe, e do atendimento no HSE, seu principal provedor de serviços, a insatisfação é generalizada. 

“Uso um remédio controlado, mas faz semanas que não consigo tomar porque não há disponibilidade de consulta com o médico psiquiátrico”, diz a professora estadual Sheila Nunes. Marcação de consulta, aliás, é o principal problema elencado pelos usuários do sistema de saúde suplementar do Estado. “A gente liga para o 0800, escuta a musiquinha por muito tempo e quando consegue falar com a atendente não há mais vaga disponível com o médico”, diz outra professora estadual, Mirtes Barbosa. Ao lado da estudante Natália Barbosa, que veio de Petrolina para o Recife para tentar um exame para a mãe, a senhora Mirtes diz que a situação é bem pior para quem mora no interior. “Mamografia, ultra-sonografia, ninguém consegue marcar nada, está tudo suspenso no interior.” Com relação aos médicos, a fila de espera é grande. Uma consulta não sai em menos de 30 dias, reclamam. 

Quem precisa de exames, mesmo no Recife, tem dificuldades. A professora Marize Araújo veio de Vitória de Santo Antão, na manhã de ontem, para buscar um resultado. “Antes a gente conseguia fazer os exames no Gilson Cidrin, que tem em Vitória. Mas agora acabou esse convênio e a gente tem de vir até aqui para fazer e pegar o resultado. O problema é que eles distribuem fichas até para entregar o resultado e eu não consegui chegar a tempo”, diz. Ela reclama que o laboratório ficou restrito à unidade instalada do IRH, no Derby, e não há mais convênios com outras instituições como o Cerpe e Gilson Cidrin. Em tempos de internet, Marize Araújo não sabia se podia pegar o resultado na web.

Mesmo quem não vê tantos problemas no atendimento, tem alguma queixa a fazer. “Trouxe minha mãe para a emergência e tivemos um atendimento bom, embora a estrutura seja precária. Não há conforto nenhum e ficamos das 8h às 15h sentadas numa cadeira desconfortável. Minha mãe, que estava mal, não teve direito nem a uma maca”, disse. A funcionária da UPE, Ana Maria Santos, também elogiou o serviço da emergência da Avenida Rosa e Silva, mas reclama do serviço ambulatorial. “A gente não consegue marcar médicos”, diz.

Há quem não seja tão resiliente em relação ao Sassepe e HSE. Dona Mirtes, por exemplo, diz que as pessoas que acreditam ter um bom serviço de emergência é porque neste serviço “eles dão a medicação básica, para tirar da crise e mandam para algum estabelecimento credenciado. A descentralização dá essa sensação de agilidade”, comenta. “As condições da emergência são precárias, os exames de sangue são feitos no corredor, não há refrigeração, estamos expostos ao calor e mosquitos”, critica Sheila Nunes.

Uma parte dos problemas acontece porque, desde o ano passado, o IRH, autarquia que gere o sistema, iniciou uma reforma no HSE. Prometeu entregar o novo ambulatório até o primeiro semestre deste ano – a um custo de R$ 1 milhão (à época). Entra na conta a despesa com o aluguel de R$ 113 mil mensais do imóvel que está sendo usado como ambulatório na Rua do Paysandú. “As obras estão paradas e não têm prazo para reiniciar, pois a empresa responsável pelas obras não recebeu os devidos pagamentos”, diz a servidora Renata Machado em e-mail enviado ao JC. A reportagem esteve ontem no HSE e constatou a paralisação das obras.

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