O aumento dos custos de produção apertaram as margens de lucro das empresas brasileiras, principalmente no eixo sul do País, onde o consumo perdeu a força por causa do endividamento das famílias. Esse ciclo consolidou a atual fase de crescimento baixo do PIB, mas o Nordeste e principalmente Pernambuco ainda conseguem crescer acima do patamar nacional porque o consumo não arrefeceu. A bonança, no entanto, tem prazo para terminar, avalia o economista de Pesquisa Econômica do Itaú Unibanco, Caio Megale. Para ele, o descolamento da economia local em relação à nacional pode arrefecer em dois anos. “O cenário ainda é de folga para a economia local, pois a demanda ainda é forte. A região ainda experimenta o crescimento das classes C e D.”
Ele ressalta que previsões econômicas não são “escritas em pedra”, mas em conversa com empresários locais esta semana no Recife, o executivo identificou um discurso parecido com o que ouvia dos empresários paulistas há quase dois anos. “As coisas não aparecem ao mesmo tempo. O mercado imobiliário, que é mais sensível, a desaceleração aconteceu em 2011 no Sudeste. A pessoa desiste de comprar sua casa antes de deixar de comer em restaurantes. É o que estamos começando a ver no mercado do Recife, com as construtoras num ritmo de lançamento menor do que de um ano atrás. Depois do imobiliário, a tendência é de seguir para o setor automobilístico, aí depois vem serviços, eletroeletrônicos”, diz.
O economista veio ao Recife para apresentar o estudo macroeconômico de Pernambuco realizado pelo time de pesquisas do Itaú Unibanco, que será apresentado aos clientes a partir dessa segunda-feira. A instituição faz o trabalho em todos os Estados.
Megale conta que a grande preocupação dos empresários pernambucanos é com o aumento dos custos de produção. “Isso tem a ver com a desaceleração do PIB nos últimos trimestres. Ano passado o PIB cresceu 0,9% e para esse ano nossa projeção é de 2,4%. É um resultado muito parecido com o PIB do período anterior a 2001” compara.
Naquela época, a demanda interna era fraca e o desemprego alto. Hoje a demanda é forte, mas o empresário começa a se apertar com custos e agora a crise é de oferta. Mão de obra, preços de serviços, fretes começam a subir e os preços e ficam altos demais para repassar nas margens por diminuição do ritmo de vendas.
Esses fatores levam o banco a projetar um nível de crescimento menor para a economia de Pernambuco já a partir desse ano, com o Brasil crescendo a 2,4% e o Estado a 2,2% assim como o Nordeste.