TRANSPORTES

Brasileiro paga mais caro pelas bikes

Pesquisa mostra que as bicicletas tops vendidas no Brasil são as mais caras do mundo

Leonardo Spinelli
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Leonardo Spinelli
Publicado em 05/11/2013 às 10:49
Foto: Edmar Melo/JC Imagem
Pesquisa mostra que as bicicletas tops vendidas no Brasil são as mais caras do mundo - FOTO: Foto: Edmar Melo/JC Imagem
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Assim como acontece no mercado de veículos automotores, as bicicletas de padrão internacional vendidas no Brasil são as mais caras do mundo. Estudo encomendado pela Associação Brasileira do Setor de Bicicleta (Aliança Bike) e realizado pela Consultoria Tendências, mostra que numa cesta de 12 marcas e modelos vendidos no Brasil, Estados Unidos, Espanha, Portugal e Chile, os preços praticados no País são até 114% mais altos do que os cobrados nos EUA, nação com os valores mais em conta dentre os cinco. A entidade congrega fabricantes, importadores, distribuidores e lojistas.

No Chile, que tem o segundo maior preço, a diferença é de até 36%. Entraram na lista modelos de marcas admiradas pelos ciclistas em todo o mundo, como Trek 3500, Scott Aspect 670 e Especialized modelos Crave 29 e Hard Rock 26, que são vendidas no Brasil com preços entre R$ 2.200 e R$ 6.000. “Uma bicicleta com preço de referência de US$ 100 nos EUA vai custar no Brasil US$ 214. Na Inglaterra custará US$ 120, em Portugal US$ 118, na Espanha US$ 116 e no Chile US$ 136”, informa o presidente da Aliança Bike, Marcelo Maciel.

Ele salienta que o Imposto de Importação de 35% influencia na comparação final, mas, mesmo que seja retirado do cálculo, os preços praticados no País são os maiores. Para piorar a situação das bicicletas em relação aos carros, o setor paga uma carga tributária maior que a praticada no segmento automotor, 40,5%, contra 32% em cima dos carros. “Assim como no caso dos veículos e mais recentemente do videogame (Playstation 4, que custa R$ 4 mil no Brasil), o setor de bicicletas também sofre com o custo Brasil. Além disso, os impostos são os maiores responsáveis por essa avaliação”, considera o executivo. O estudo não leva em conta a margem de lucro das empresas. O custo Brasil é um termo que resume as dificuldades sistêmicas de se investir no País relativas a burocracia, corrupção, alto custo de serviços, precária infraestrutura, entre outros.

A carga influi no preço tanto dos produtos importados quanto daqueles produzidos no Brasil, dentro e fora da Zona Franca de Manaus, que tem uma legislação tributária mais amena. “A alta carga tende a empurrar as empresas para informalidade. O estudo acaba mostrando que, quando o governo baixa os impostos, termina por arrecadar mais, pois uma parcela importante das empresas volta a recolher”, argumenta. Maciel acredita que o setor repassaria a redução dos impostos, já que “este é um mercado muito sensível ao preço”.

Segundo estudo da Tendências, a sonegação pode chegar a 20,4% do valor dos impostos e, além disso, a alta carga também estimula o descaminho. Embora não haja como tabular dados, a consultoria considerou que a entrada de bicicletas no mercado nacional sem registro formal pode atingir 30% do volume, ou 3% das vendas realizadas no País. Dentre os impostos que incidem sobre o setor estão o Imposto de Importação (alíquota de 35%), sobre Produtos Industrializados (IPI, 10%), PIS/Cofins (até 10,25%) e Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS, 18%)

A pesquisa será divulgada amanhã em Brasília como forma de pressionar o Congresso Nacional a aprovar medidas em prol do setor. “O senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) tem um projeto de lei que propõe zerar o IPI e a deputada federal Marina Santana (PT-GO) tem propostas de estímulo às ciclovias.”

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