Agora é oficial. A conta de água e esgoto de 1,8 milhão de pernambucanos, clientes da Compesa - dos consumidores residenciais aos industriais - ficará 8,75% mais cara a partir do próximo dia 20 de março. A Agência de Regulação de Pernambuco (Arpe) acatou quase metade do pedido de revisão tarifária da empresa, que havia sido de 15,44%. A empresa justifica o pedido diante da necessidade de remunerar seus investimentos, que, somente em 2013, atingiram R$ 735 milhões – mais que todos os aportes da Prefeitura da Cidade do Recife (PCR), de R$ 529 milhões, por exemplo.
A última revisão tarifária da Compesa ocorreu em 2009. O processo é diferente do reajuste, em que normalmente se aplica a inflação do segmento de atuação da companhia. Pela revisão, todas as tarifas cobradas pela empresa sofrem um acréscimo para que seja possível fazer frente a todos os gastos, da folha salarial aos investimentos em infraestrutura, passando pela compra de materiais.
A revisão tarifária da Compesa, que neste ano ganhou uma nova e intrincada forma de cálculo, prevê o cumprimento de uma série de metas de eficiência até 2017 – ano em que acontece a próxima revisão. A Compesa terá que atingir 90% de atendimento no Estado no abastecimento de água, enquanto sua performance atual gira em torno de 82%. A qualidade da água também precisa melhorar. Hoje, atende os padrões definidos pelo Ministério da Saúde em 92% das amostras analisadas, patamar que precisa subir para 94%.
Um dos grandes saltos precisa ocorrer no atendimento de esgoto, dos atuais 18,7% para 38%. Para isso, a Parceira Público-Privada (PPP) firmada com a Foz do Atlântico, que prevê 90% em 12 anos, será a principal arma, listou o diretor comercial da Compesa, Franklin Azoubel.
Por outro lado, o diretor afirma que será necessário “pôr o pé no freio” dos investimentos, haja vista que o pedido de revisão da companhia não foi totalmente atendido pela Arpe. “Teremos que ser mais eficientes. Sei que um pedido de 15,44% colocado assim para a população causa uma reação negativa. Mas se a Compesa fosse uma concessionária privada, como ocorre em quase todo o mundo, a única maneira de uma empresa se manter, afora aportes de acionistas, é com remuneração via tarifa”, resumiu.
Outra meta que precisa ser atendida é a de eficiência no atendimento a vazamentos. Atualmente, 12% dos chamados são solucionados em 72 horas. Até 2017, a empresa precisará resolver 70% dos casos no mesmo período.
No Grande Recife, aponta Azoubel, esse índice já é obtido. Os desafios estão no interior do Estado. Caso essas metas não sejam alcançadas, a Arpe aplicará um redutor, que pode chegar a 0,5% no próximo processo de revisão. A maioria dos clientes da Compesa são consumidores residenciais, que respondem por 76% do total. Em seguida, estão os consumidores comerciais (12%) e os industriais (4%).