No próximo dia 25, radiologistas e profissionais de imagem do Recife se reúnem em assembleia para decidir se mantém ou não a suspensão de atendimento imposta ao plano de saúde Camed Vida, um dos principais do Nordeste. Desde o início do mês, cerca de 90% da categoria deixou atender usuários da operadora. A postura é uma resposta ao que foi encarado como “represálias” da empresa ao pedido de reajuste dos honorários. Na prática, quatro estabelecimentos foram descredenciados. Profissionais de saúde alegam que a decisão foi arbitrária. O movimento pode tomar maiores proporções. Há a ameaça de angiologistas, cardiologistas e cirurgiões vasculares aderirem e também interromperem atendimentos.
A própria Camed Vida, responsável por 109.398 vidas de acordo com dados da Agência Nacional de Saúde (ANS), tornou oficial a seus usuários o descredenciamento, no último mês de janeiro, do Derbimagem, Angiorad, Centro de Diagnóstico Lucilo Ávila e Serviço de Ultrasonografia do Recife. Um dos proprietários, que pediu sigilo, citou aumento acumulado nos últimos 15 anos, autorizado pela ANS, de 117% nas mensalidades dos usuários e zero de alta para o pagamento de procedimentos de radiologia.
Um procedimento que, segundo a tabela de referência da Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM), custa R$ 0,40, a Camed Vida pagaria R$ 0,15. “Pagam metade do que a penúltima empresa no mercado no ranking de melhores remuneradores”, comentou o empresário.
A campanha para reajuste dos valores pagos pela operadora começou no início do ano passado. O presidente da Comissão de Honorários Médicos de Pernambuco, Mario Fernando Lins, comentou que não houve sinalização de negociação por parte da empresa. “A proposta deles foi de reduzir em 20% os valores dos pacotes de serviço. Depois de rejeitada, houve o descredenciamento. Foi muita coincidência. Prezamos pelo diálogo e não por medidas injustas e arbitrárias”, criticou.
Por meio de nota, a Camed Vida informou que o descredenciamento foi fruto de uma “reorganização de rede credenciada”. “Prática comum e necessária na gestão das operadoras de planos de saúde”, acrescentou.
Garantiu que os processos obedeceram “todas as cláusulas previstas em contrato, bem como todos os prazos e condições estabelecidas”.
Hoje, informou oficialmente, são 32 clínicas de imagem credenciadas na capital pernambucana, das quais 19 estão atendendo normalmente, o que corresponde a 59% do total. Ainda segundo a empresa, 13 clínicas paralisaram os atendimentos eletivos, o equivalente a 41%.
“Ressaltamos que as clínicas que optaram pela suspensão dos atendimentos não comunicaram previamente a Camed, medida necessária e prevista em contrato, obrigando a operadora a tomar as providências legais para prezar pela assistência de qualidade aos seus clientes. Vale informar, ainda, que os atendimentos de urgência, emergência, quimioterapia, radioterapia, hemodiálise e demais tratamentos contínuos afins não foram suspensos”, assegurou.
Segundo informações do mercado, a Camed Vida estaria negociando parte de sua carteira de clientes para a Unimed Fortaleza. A operadora pertence ao mesmo grupo da Camed Saúde. Porém, diferente dessa, atende beneficiários captados no mercado como um todo e é vinculada à Associação das Empresas de Medicina de Grupo. Enquanto que a outra é do tipo autogestão e só atende servidores do Banco do Nordeste.