Se a Petrobras fosse a única importadora de Pernambuco – e deixássemos de considerar cervejarias, estaleiros, Fiat Chrysler e uma infinidade de outras empresas –, ainda assim o Estado teria fechado o primeiro semestre com um déficit de US$ 1,18 bilhão na balança comercial. É o peso que as importações de combustíveis pela companhia petrolífera alcançaram no comércio exterior pernambucano. A movimentação da Petrobras já acumula US$ 1,692 bilhão no ano, o que ampliou o déficit comercial de Pernambuco em 2014 para US$ 3,222 bilhões. Para se ter uma ideia, toda a balança comercial brasileira fechou o primeiro semestre com um rombo de US$ 2,491 bilhões.
A Petrobras precisa importar combustíveis para fazer frente ao consumo em alta e capacidade de refino estagnada. A própria Refinaria Abreu e Lima, em construção em Suape, foi concebida para abastecer com diesel o mercado do Nordeste. A obra, que deveria ter concluído a primeira fase em 2010, atualmente está em 87,9% de execução. De acordo com a Petrobras, 70% da sua capacidade de refino, de 230 mil barris de petróleo por dia, serão usados para a produção de diesel.
Enquanto a obra atrasou, o consumo continuou a crescer, exigindo alta na importação dos combustíveis e distorcendo a balança comercial de Pernambuco. Segundo números atualizados ontem pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), as exportações do Estado cresceram 38% e chegaram a US$ 511 milhões no primeiro semestre. Mesmo com um crescimento bem menor, de 13%, as importações bateram US$ 3,733 bilhões, 45% só da Petrobras, a maior parte em óleo diesel.
O topo da lista de importações pernambucanas é composto por combustíveis e matéria-prima para a indústria petroquímica. Mas a distância entre a liderança da Petrobras e as demais companhias impressiona. A estatal equivale a dez vezes o resultado da segunda no ranking de importações, a Mossi&Ghisolfi (M&G), que alcançou US$ 185,5 milhões, e da terceira, a PetroquímicaSuape, que bateu US$ 139,9 milhões.
Seja nas importações ou nas exportações, várias empresas estrearam no ranking no primeiro semestre. São os casos da própria PetroquímicaSuape, que iniciou uma produção mais vigorosa no polo petroquímico (veja no quadro acima), e da Comau do Brasil, responsável por trazer para o Estado e instalar os robôs da linha de produção da Jeep de Goiana, a fábrica automotiva do grupo Fiat Chrysler, uma importação de US$ 39,7 milhões.
Não à toa, quando se observam os produtos importados, o destaque fica para óleo diesel, gases de propano, gasolina e dois itens utilizados diretamente pela indústria petroquímica, um deles o ácido tereftálico purificado (PTA), que entra na fabricação da resina PET, usada nas famosas garrafas plásticas de refrigerante. Somente cinco itens respondem por metade de toda a importação do Estado.