A baixa situação dos reservatórios das hidrelétricas do Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste pode ser ainda pior, segundo pelo menos três técnicos do setor elétrico que preferiram não se identificar. O motivo é simples: não está sendo realizada a batimetria – o exame que indica a profundidade real desses reservatórios – com regularidade. “É evidente que há um assoreamento e a situação pode não ser a que é informada como a real”, diz o presidente do conselho temático de Infraestrutura da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe), Ricardo Essinger.
Ele argumenta que a iniciativa ideal seria não só fazer a batimetria, mas a dragagem desses reservatórios para eles voltarem a ter uma capacidade maior de armazenamento. A diminuição da água armazenada nos reservatórios das hidrelétricas do Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste está sendo um problema desde 2012, quando começou uma estiagem que diminuiu a quantidade de chuvas na “caixa d’água” dessas hidrelétricas dessas regiões.
Somente como exemplo, a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) não faz o exame de batimetria com frequência porque não há um indicativo de que ocorra algum comprometimento, segundo informações do superintendente de Operações da estatal, João Henrique Franklin. “No São Francisco, não há indicativo de que seja necessária uma ação desse tipo”, argumenta. A Chesf tem várias hidrelétricas no Rio São Francisco e a situação da estatal não é uma exceção. As demais empresas que administram e produzem energia a partir da água não estão medindo a capacidade dos seus reservatórios constantemente, de acordo com técnicos do setor.
Há um mês, uma parte do Rio São Francisco teve a sua navegação suspensa devido ao assoreamento do rio. O assoreamento ocorre quando mais detritos, como, por exemplo, a areia, vão parar no fundo do rio e consequentemente nos reservatórios. De acordo com técnicos do setor, é muito difícil esses resíduos não irem parar no fundo dos reservatórios. Às vezes, basta apenas uma chuva para aumentar a quantidade de areia no fundo do rio e dos reservatórios.
“O assoreamento pode significar que as empresas podem estar contando com 30% de armazenamento de água e isso ser, na realidade, 20%”, conta um técnico do setor, acrescentando que isso pode ser mais um complicador, quando se cogita até um racionamento de energia devido à pouca quantidade de água nos reservatórios das hidrelétricas do Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste.
A média de água armazenada no Centro-Oeste e Sudeste que pode ser usada para gerar energia estava em 33,20% na última quarta-feira. No dia 13 de agosto de 2013, era 59%.
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A Agência Nacional de Águas (ANA) informou, via assessoria de imprensa, que a realização de exames é de responsabilidade das empresas que produzem energia a partir da água e fixou um prazo para todas as empresas entregarem esses exames realizados: março de 2016.