PECUÁRIA

Praga antiga volta e traz prejuízos aos produtores de leite

A cochonilha de escama voltou a atacar a palma. Até o ano passado, os produtores plantavam mais a palma gigante, a qual foi dizimada pela cochonilha do carmim. A troca pela espécie orelha de elefante e miúda fez a cochonilha de escama voltar

Ângela Fernanda Belfort
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Ângela Fernanda Belfort
Publicado em 16/09/2014 às 11:00
Chico Bezerra/ JC Imagem
A cochonilha de escama voltou a atacar a palma. Até o ano passado, os produtores plantavam mais a palma gigante, a qual foi dizimada pela cochonilha do carmim. A troca pela espécie orelha de elefante e miúda fez a cochonilha de escama voltar - FOTO: Chico Bezerra/ JC Imagem
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Não bastasse a ameaça de uma nova seca, os produtores de leite do Agreste estão enfrentando um problema que há muito parecia resolvido: a praga chamada de cochonilha de escama, que ataca plantações de palma, um dos principais alimentos do gado. O Agreste foi uma das regiões mais atingidas pela estiagem que durou de 2010 a 2013.
No ano passado, os produtores plantaram as palmas do tipo miúda e orelha de elefante, resistentes à cochonilha do carmim, praga mais conhecida e que provocou perdas na última seca porque atingiu as plantas que alimentam os animais. A falta da palma e a estiagem trouxeram grandes prejuízos ao setor leiteiro.


O problema é que agora as variedades resistentes à cochonilha do carmim estão sendo atacadas pela cochonilha de escama em pelo menos cinco municípios: Buíque, Venturosa, Pedra, São Bento do Una e Capoeiras. “Alguns produtores chegaram a vender o gado para comprar as sementes da palma resistente à cochonilha do carmim e agora estão com o plantio infectado pela cochonilha de escama”, diz o presidente do Sindicato dos Produtores de Leite de Pernambuco, Saulo Malta.

O último grande ataque da cochonilha de escama ocorreu na década de 80. Essa praga voltou devido à intensificação do plantio da palma dos tipos miúda e orelha de elefante, segundo o professor da área de produção de ruminantes da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Airon Melo. A palma atacada pela cochonilha do carmim é a gigante.

A cochonilha de escama pode ser contida se o produtor passar óleo mineral na planta ou se colocar um tipo de joaninha que come a praga. “Foi um ataque muito severo. Tive que arrancar cerca de 20% do plantio de palma. O Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA) ficou de multiplicar um tipo de joaninha que acaba com a praga, mas isso não chegou ao campo”, diz o produtor de gado Edenildo de Azevedo, que tem uma fazenda em São Bento do Una, no Agreste. “A joaninha selvagem existente no local não consegue conter a praga”, conta. No ano passado, ele perdeu o plantio de palma devido à cochonilha do carmim. Ele diz não ter ideia do atual prejuízo e replantou 10 hectares. Geralmente, o plantio de um hectare de palma custa R$ 4 mil. A cochonilha de escama pode levar a planta a morte, caso não seja tratada.

O secretário estadual de Agricultura, Aldo dos Santos, informa que vai pedir aos técnicos do IPA um levantamento com a finalidade de saber “em que nível está a praga da cochonilha de escama”.

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