Apesar de uma desaceleração nos preços a partir de junho, os produtos alimentícios ainda se mantêm em alta de 7,53% em 12 meses, percentual acima da inflação do IPCA medida para o período, que foi de 6,51%. O resultado disso nos supermercados são os consumidores se defendendo como podem, passando a adotar mudanças nos hábitos de consumo. Estocar produtos em casa para aproveitar preços mais baixos voltou a ser uma tática utilizada, e a mudança se reflete no varejo. Os hipermercados perderam a preferência do cliente e os chamados atacarejos estão ganhando com isso.
Nos atacarejos o cliente dispõe de menos serviços, a exemplo de ambientes sem climatização, mas ganha no preço. De acordo com dados da Nielsen, o canal de vendas do tipo atacarejo (cash & carry) cresceu 9% no primeiro semestre deste ano, enquanto as vendas em supermercados cresceram apenas 3% e a dos hipermercados registraram recuo de 1%.
“O cliente reduziu o número de idas aos pontos de vendas. Trabalhamos com dados que mostram que ele está comprando embalagens maiores, ou em maior quantidade”, diz Sabrina Balhes, analista de mercado da Nielsen.
Os números refletem a realiade de consumo de pessoas como a nutricionista Jaciara Rolim, que fez, na semana passada, a compra grande de mês para abastecer a casa de produtos básicos que podem ser estocados. O local não poderia ser outro senão uma loja do tipo atacarejo, da marca Deskontão. “Faço feira grande. É mais econômico e dedico menos tempo às compras. Tempo é ouro”, resumiu. Entre os itens dispostos no seu carrinho, estavam algumas caixas de detergentes e desinfetantes. “Eu compro logo o fardo.”
Assim como as outras marcas concorrentes, o Deskontão também trabalha com abatimento de preços no caso de o cliente levar mais do mesmo produto. Os descontos variam de 6% a 20% dependendo do item, segundo apurou a reportagem. Uma caixa de detergente líquido com 12 unidades, o preço unitário sai a R$ 5,89, contra R$ 6,29 na compra em varejo. Uma diferença de 6,36% na compra de atacado. No caso do desinfetante, R$ 2,59 contra R$ 2,27 (no grosso), um desconto de 12,36%.
Como a loja também vende para restaurantes, dependendo do tamanho da compra, os descontos podem ir além daqueles impressos nas etiquetas. “Num caso assim, nosso apoio de venda da loja entra em contato com a central, que avalia se é viável dar um preço menor. Se o produto estiver em tendência de alta nos preços não vale a pena, pois vamos ter de repor nosso estoque com preços mais altos”, explica Diogo Padilha, gerente de produtos da distribuidora Karne e Keijo, dona do Deskontão.
