Sem conseguir cumprir a promessa de uma transferência de carteira tranquila, a Unimed Norte-Nordeste está sendo chamada para melhorar a operacionalização de atendimentos e procedimentos juntos aos antigos beneficiários da Camed Vida. A transferência aconteceu oficialmente em 1º de outubro.
A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) convocou ontem em sua sede no Rio representantes da operadora para estabelecer que serão adotadas de imediato todas as providências necessárias para facilitar o acesso e a continuidade da assistência aos consumidores. Também deverão ser simplificados os procedimentos de autorização para consultas e exames simples.
Em Pernambuco, representantes do Fórum de Saúde Suplementar estiveram reunidos com a Camed na Defensoria Pública para discutir a situação dos 44 mil beneficiários locais. A Unimed N-NE não enviou representantes, argumentando, segundo a defensoria, que recebeu a convocação em cima da hora e estaria sem agenda.
“A situação é emblemática e complexa”, diz a defensora pública Cristina Sakaki, coordenadora do Fórum de Saúde Suplementar. Segundo Sakaki, diariamente a defensoria tem recebido queixas, presencialmente, por telefone ou pela internet. “A saúde tem um custo, mas a vida não tem preço. O que está acontecendo é um ato lesivo, que fere o Código de Defesa do Consumidor e o Estatuto do Idoso”, argumenta.
A defensora se refere às inúmeras reclamações de clientes que não conseguiram, nessa primeira quinzena da transferência, por exemplo, atendimento em urgências ou mesmo tiveram tratamentos descontinuados, além das queixas relacionadas à falta de informação. A pressão é também para que a operadora, com sede na Paraíba, passe a ter escritório em Pernambuco. Segundo Sakaki, “dependendo do andamento da situação, a Defensoria Pública irá tomar medidas mais enérgicas”. “As coisas têm que ser redesenhadas. Era para tudo já estar no formato, mas há consumidores que nem sequer tomaram conhecimento da situação”, frisa.
Também estiveram presentes na reunião local ontem representantes dos sindicatos dos Médicos e dos Hospitais de Pernambuco, Comissão da OAB e Conselho Regional de Medicina. Todos os presentes irão encaminhar seus questionamentos e posicionamentos à Unimed N-NE. Uma nova reunião entre Fórum e ANS está marcada para terça. No dia 27, haverá audiência sobre o assunto.
O OUTRO LADO
Através de sua assessoria de imprensa, a Unimed N-NE informou que está sendo adotado no Recife procedimento semelhante ao de Fortaleza. Para simplificar o processo, será repassada a Unimed Recife a atribuição de processar autorizações. A cooperativa terá prerrogativa de autorização sem precisar comunicar à Unimed N-NE – exceto para procedimentos de alta complexidade, que envolvam órtese e prótese acima de R$ 20 mil ou em casos de internação superior a cinco dias. A operadora contabiliza que, na segunda semana da trasnferência, a demanda por informações e de reclamações caiu 50%.