Há quarenta anos, graduava-se no Recife a primeira turma do primeiro curso de engenharia de pesca do Brasil, composta por cerca de 35 alunos da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), no bairro de Dois Irmãos, na Zona Oeste da capital. Para comemorar a data, parte do grupo que se formou em 1974 vai se reunir desta sexta-feira (12) até este domingo (14) em um hotel em Porto de Galinhas, no litoral sul do Estado, para discutir os avanços e os desafios dessa profissão que, apesar de “quarentona”, é considerada nova, e que ganhou destaque a partir de 1º de janeiro de 2003 com a criação do Ministério da Pesca e Aquicultura.
O encontro foi organizado pelos próprios ex-colegas de turma. “Vamos fazer uma avaliação do que conseguimos avançar em termos de pesca e de produtividade”, adianta Jaime Andrade, 67 anos, que fez parte da turma pioneira. “Quando concluímos o curso, não tínhamos um direcionamento, apenas que era uma área ligada à conservação, à captura e à produção de peixes e de crustáceos. Após a graduação, nos espalhamos pelo Brasil. Foi aí que os outros Estados se alertaram. Fomos chamados para trabalhar e tivemos muitas portas abertas”, lembra Andrade, que passou pela Paraíba, Rio Grande do Norte e Maranhão. Os anos seguintes fizeram os profissionais perceberem que a atuação estava ligada também à área ambiental. “Então, começamos a atuar na área de água doce e de estuário, e isso nos permitiu mais crescimento”, diz o ex-aluno, hoje aposentado após 38 anos de serviço público, a maioria dedicados ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Cerca de 35 alunos concluíram a graduação na turma de 1974 (Foto: Divulgação)
Hoje alguns cursos no país adotam a nomenclatura “engenharia de pesca e aquicultura”. “Enquanto a aquicultura é o cultivo de organismo aquáticos, podendo ser peixes, camarões, crustáceos, moluscos ou mesmo plantas, a pesca inclui todas as atividades relacionadas à captura desses organismos”, explica o diretor do Departamento de Pesca e Aquicultura da UFRPE, William Severi, ressaltando que, nomenclatura à parte, “o curso aborda ambas as áreas.”
DIFICULDADE - De acordo com o ex-aluno da turma e hoje presidente da Associação Brasileira de Criadores de Camarão (ABCC), Itamar Rocha, Pernambuco já foi referência na produção de camarão no País, mas hoje o setor enfrenta dificuldades e está atrás de Estados como Ceará, Rio Grande do Norte, Bahia e Sergipe. Ele atribui a perda do pódio à falta de financiamento aos produtores e a um surto da “doença da mancha branca” – como é popularmente conhecida a White Spot Syndrome Virus (WSSV). “Ela afetou o litoral da Bahia e do norte de Pernambuco há cerca de dois anos e, embora o Estado tenha hoje mais de 100 produtores, muitos não conseguiram continuar com o negócio”, explica.
O fato de o Estado ter um litoral estreito não justifica o fraco desempenho, considera o presidente. “O Equador tem 600 quilômetros (km) de costa e vai fechar o ano com uma exportação de US$ 2,5 bilhões, já o Nordeste tem 2,5 mil km e não chega nem perto”, diz Rocha, sem projetar valores.
Em escola nacional, o País também já teve destaque. “Em 2003, exportamos US$ 226 milhões de dólares, mas vamos fechar este ano com somente US$ 3 milhões”, compara.
Leia a íntegra na edição desta segunda-feira (08) do Jornal do Commercio