FORMATURA

W9! já ressarciu 54% das turmas, mas ainda não chegou a acordo com seus ex-funcionários

Das 131 turmas com contratos passíveis de reembolso, 71 receberam o dinheiro. Em março, haverá audiência com o MPT para avaliar a situação dos empregados

Da editoria de economia
Cadastrado por
Da editoria de economia
Publicado em 28/12/2014 às 8:30
Foto: Ricardo B. Labastier/JC Imagem
Das 131 turmas com contratos passíveis de reembolso, 71 receberam o dinheiro. Em março, haverá audiência com o MPT para avaliar a situação dos empregados - FOTO: Foto: Ricardo B. Labastier/JC Imagem
Leitura:

Das 131 turmas ligadas à empresa de formaturas W9! Comunicação – que alegou falência no dia 22 de setembro deste ano e deixou milhares de formandos preocupados e funcionários desempregados – com contratos passíveis de ressarcimento, 71 foram reembolsadas, o equivalente a 54%. À frente das negociações, a família do dono da empresa (Lídio Cosme Silva Júnior, que continua foragido) utilizou como critério de devolução do dinheiro a proximidade com as datas dos eventos. Das 60 turmas restantes, duas concluem a graduação em 2014; 17, em 2015; 29, em 2016; e 12, em 2017. O agendamento de ressarcimento retorna no dia 19 de janeiro.

Formada neste semestre no curso de fisioterapia da Faculdade dos Guararapes, Patrícia Dantas reaveu o valor de cerca de R$ 60 mil pago pela turma de outubro de 2011 a maio deste ano no dia 27 de outubro. “O irmão de Lídio entrou em contato com a coordenação do meu curso para ressarcir as turmas prejudicadas e para explicar como isso seria feito. Depois disso, agendamos um dia e levamos todos os documentos na empresa. Eles conferiram e, uma semana depois, recebemos o dinheiro, em cheque”, lembra a recém-formada, que integra a comissão de formatura.

FUNCIONÁRIOS - De acordo com o advogado trabalhista que representa parte dos ex-funcionários, Marco Vieira, cerca de 45 estão em negociação com a empresa. “Desse total, 36 estão registrados no Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, do Ministério do Trabalho e Emprego) e o restante não, porque eram pessoas que assumiam cargos de confiança, consideradas ‘braço direito’ dos proprietários, e que não tinham carteira assinada”, afirma, salientando que representa 29 ex-funcionários.

Raylane Medeiros, 23, trabalhou na W9! durante um ano e seis meses (março de 2013 a setembro de 2014) como cerimonialista, com salário de R$ 1 mil, e ficou espantada com o valor que a empresa tentou pagá-la no último dia 18: “Só R$ 1,5 mil”, indigna-se. No período em que atuou na empresa, trabalhou seis meses sem salário. “Só recebíamos uma ajuda de custo, que eram os vales alimentação e transporte. Começamos a receber somente pouco antes de a empresa decretar falência.”

Todas as tentativas de acordo entre os advogados da empresa e os ex-funcionários foram informais

Marco Vieira, advogado que representa 29 ex-funcionários

Segundo Vieira, todas as tentativas de acordo entre os advogados da empresa e os ex-funcionários foram informais. “E foi tudo recusado pelos funcionários, pois os valores eram tão baixos que sequer cobriam a rescisão e os salários atrasados. Estamos, inclusive, ajuizando algumas ações”, afirma.

Ele adianta que em março haverá uma audiência trabalhista com o Ministério Público do Trabalho de Pernambuco (MPT-PE) e os representantes da W9! para discutir a situação dos funcionários. “Vamos tentar sair com alguns propostas concretas.”

A empresa diz, em nota, que "os funcionários da W9! tiveram FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) e seguro-desemprego liberados e aguardam a conclusão dos levantamentos de débitos trabalhistas, com o acompanhamento do Ministério Público do Trabalho. Audiência na Justiça do Trabalho está prevista para a segunda quinzena de fevereiro próximo. Fornecedores também estão em negociação para quitação de possíveis pendências".

FONTE DE RECURSOS - Também em nota, a W9! informa que "a venda de imóveis da família é a principal fonte de recursos para fazer frente aos débitos". O texto diz ainda que "além dos 60 contratos a pagar, há também 32 contratos à espera apenas de material pendente como, por exemplo, placas, réplicas, fotos de eventos realizados em anos anteriores e que os formandos não haviam retirado. Outros 68 casos de entrega de material já foram resolvidos".

A venda de imóveis da família é a principal fonte de recursos para fazer frente aos débitos

A reportagem não conseguiu contato com nenhum representante da W9!.

Últimas notícias