Especializadas em cafés e outros produtos que usam a bebida como ingrediente, as cafeterias já têm lugar reservado no cotidiano do Recife. A margem para crescimento, porém, ainda é larga. Da expansão de grandes redes, como São Braz e Lavazza, ao surgimento de microempresas que se apoiam em serviços exclusivos, são diversos os modelos de negócios adotados por quem está crescendo ou acabou de entrar nesse ramo.
Esse movimento pode ser observado em diversos pontos da cidade. Em Boa Viagem, desde junho do ano passado funciona a segunda unidade do Café Café. A aposta nos 220 metros quadrados do novo ponto focou nos serviços para os quais a empresária Flávia Barichello detectou uma demanda reprimida: áreas equipadas para reuniões e encontros, que fornecessem a estrutura necessária sem quebrar o aconchegante clima típico das cafeterias e, claro, com acesso fácil ao cardápio. Para Flávia, o nó da mobilidade também incentiva que o público procure mais lugares de uso misto, onde elas podem fazer suas refeições e trabalhar ou estudar, ou mesmo fazer um intervalo.
O quesito mobilidade também está presente no Roda Café, no Recife Antigo. Mas, neste caso, a integração do tema com o negócio é maior, uma vez que a empresa tem a proposta de fomentar as discussões e propostas em torno da cidade. Inaugurado em maio de 2014 com investimentos da ordem de R$ 2,5 milhões, o Roda funciona em um casarão que pertence à Santa Casa, localizado na Rua Madre de Deus. Além do café, há quatro ambientes, entre eles um restaurante, uma sala de estar e o terraço. “Estamos em uma localização estratégica em relação ao nosso propósito e aqui também é um ponto em que muitas pessoas procuram almoçar ou descansar perto do trabalho”, comenta uma das sócias, Sandra Duarte. Essa primeira unidade é um piloto do que em breve se tornará uma franquia.
Na Zona Norte, o psicólogo Gustavo Fernandes Vieira, 37 anos, segue por outra tendência: a intimista. Depois de 14 anos atuando na profissão de formação, ele decidiu mudar de área e começou a reunir recursos financeiros e treinamentos para abrir a Ernesto Café, nas Graças. A inauguração foi em novembro passado. Foram aplicados R$ 40 mil em uma área com cerca de 30 m² – entre o espaço coberto e o descoberto – onde ele e um colaborador se revezam na produção dos cafés e no atendimento. “Entregamos uma xícara de café com muito afeto, com a preocupação de apresentar um bom produto, com muito cuidado com os detalhes e atendimento personalizado”, explica Gustavo, que também assina o projeto de ambientação do local. “O Recife ainda tem abertura para lugares assim. A cidade carece de pequenos espaços acolhedores”, pontua.
INVESTIMENTO - Como se viu nos casos da Ernesto Café e do Roda Café, o porte do investidor pode ir do micro ao médio, passando por valores intermediários, como ocorre na Café Café e nas franquias de redes como a São Braz. No Café Café, a empresária Flávia Barichell investiu R$ 400 mil no espaço, que é quase cinco vezes maior do que a primeira loja da marca, no Pina, aberta há um ano e meio. “A avaliação que fazemos é ótima, porque o mercado está crescendo e nós atendemos a necessidade das pessoas, que cada vez mais querem estar em espaços como esse”, comenta Flávia.
Na São Braz, o valor aplicado pelo franqueado por loja fica entre R$ 400 mil e R$ 700 mil, incluindo taxa de franquia e investimento. O formato de franquia permitiu à rede de Campina Grande (PB) manter um ritmo acelerado de expansão nesses 13 anos de existência, que deverá culminar em 50 lojas este ano, a maioria em Pernambuco, onde já são estão 21 unidades. “Estamos atentos a novas oportunidades e novos formatos, além de observarmos o movimento da cidade, como a revitalização da área nos arredores da Rua da Aurora”, comenta o gerente nacional de marketing da companhia, Carlos Frederico Dominguez. Recentemente, a São Braz inaugurou uma loja na esquina das ruas Visconde de Suassuna e Gervásio Pires, em Santo Amaro (área central do Recife).
Nos shoppings, a demanda por cafeterias também atrai investimentos. A italiana Lavazza, fundada em 1895, escolheu o Shopping Recife para inaugurar sua terceira loja no Brasil e primeira do Nordeste. Franqueado pelos empresários Francisco Rosário e Henrique Amaral, a unidade da Lavazza Espression terá 60 m² e será aberta ainda neste trimestre, com investimentos da ordem de R$ 510 mil. A meta do Grupo Épura, detentor da marca no País, é abrir pelo menos mais 30 lojas nos próximos cinco anos.