Combustíveis

Gasolina ou álcool? Só na ponta do lápis

Com o reajuste na bomba, o consumidor deve ficar atento para buscar a melhor opção

Da editoria de economia
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Publicado em 03/02/2015 às 5:30
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A conta nunca foi tão necessária: se o preço do litro de etanol for equivalente a até 70% do preço do da gasolina, vale mais a pena optar pelo álcool. O consumidor aprendeu isso desde a popularização dos carros tipo flex, que aceitam os dois tipos de combustíveis. Entretanto, com o recente aumento no valor da gasolina, a melhor escolha pode mudar de um posto para o outro. Ontem, o governo atendeu ao pleito do setor sucroalcooleiro e autorizou o aumento de 25% para 27% da quantidade de álcool na gasolina, o que deve provocar ainda mais oscilação nos preços.

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Etanol ou gasolina? Aprenda a calcular o mais vantajoso

“O consumidor vai ter que ficar muito ligado na conta. O mercado ainda não absorveu os novos preços, é preciso observar bem”, avalia o o diretor-presidente do SindiCombustíveis Pernambuco, Alfredo Ramos. Com o aumento do PIS/Cofins sobre combustíveis que passou a valer desde o último dia 1º, Ramos acredita que a procura por etanol pode aumentar nos postos. “Um preço mais competitivo pode fazer com que o consumidor opte pelo mais econômico no momento”, afirma Ramos. Mas aqui surge um porém: com a procura intensa pelo álcool, é muito provável que seu preço aumente, chegando perto do da gasolina. Isso já aconteceu no passado. É mais um motivo para fazer a continha.

Desde domingo, postos que vinham trabalhando com um preço médio de R$ 2,79 por litro de gasolina, passaram para uma média de R$ 3,29, uma diferença de cinquenta centavos – uma das maiores altas no País – que mexeu com a cabeça e o bolso dos consumidores. “Nem enchi o tanque. Coloquei apenas R$ 50 pois esse preço é um absurdo. Além do combustível não ser de qualidade, os carros consomem muito”, afirma o servidor público Fernando Fonseca. 

Procurar o posto com o preço mais barato é o conselho do coordenador-geral do Procon estadual, José Rangel. Atualmente, a Região Metropolitana do Recife conta com 450 postos de combustível e Pernambuco, com 1.300, que recebem combustível de 17 distribuidoras diferentes. “O consumidor deve levar em consideração o quanto consome e qual tipo de uso que faz do veículo – se roda mais pela cidade ou na estrada”, afirma o coordenador. O etanol é menos poluente e mais barato, mas possui um rendimento por quilômetro menor do que a gasolina. “A perspectiva é de um ano difícil e o cidadão deve avaliar bem o impacto de certos custos nos seus rendimentos. Se o combustível estiver muito caro, talvez seja melhor buscar outras opções de transporte.”

A nova elevação dos preços representou um acréscimo de R$ 0,22 no litro da gasolina e R$ 0,15 no diesel vendidos aos postos e repassados ao consumidor. A partir de 1º de maio, passará a incidir sobre o preço da gasolina R$ 0,12 a mais de PIS/Cofins e R$ 0,10 de Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), que volta a ser cobrada. “A expectativa é que com isso, o PIS/Cofins volte para o índice anterior. Mas é algo que só saberemos quando o tempo chegar”, completa Ramos.

Para o presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool no Estado de Pernambuco (Sindaçúcar-PE), Renato Cunha, 2015 pode ver um aumento no consumo de álcool hidratado para os veículos flex, que são mais de 90% do mercado. “No ano passado, a relação de preço entre etanol e gasolina variava entre 80% e 85%, e agora já caiu para uma média entre 65% e 72%. O encarecimento da gasolina possibilitou um maior uso do álcool que pode se estender pelos próximos meses”, acredita Cunha. Sobre uma possível alta de preço por causa da demanda, o Sindaçúcar-PE garante que existe estoque para atender a procura. “O Brasil tem atualmente o suficiente para cerca de três meses, sendo que uma nova safra vai começar no Centro-Sul do País já em abril. Essa ‘folga’ traz uma estabilidade para o valor do litro que é benéfica para o consumidor”, garante.

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