O custo médio da energia elétrica vai aumentar, no mínimo, 43,6% este ano para a indústria, numa estimativa feita pelo Sistema da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan). Esse percentual incluiu o preço da bandeira vermelha (uma espécie de gatilho cobrado quando o custo de produção aumenta, como ocorre quando as térmicas estão operando como agora) e a compra da energia produzida pelas termelétricas que passará a ser bancada, de imediato, pelos consumidores a partir de março deste ano. O setor industrial vai repassar essa alta da produção para o consumidor, gerando mais inflação.
“É uma equação cruel: os produtos ficarão mais caros, o mercado diminui e as pessoas passam a ter menos dinheiro por causa do aumento da energia, que ocorre para todos”, resume o presidente em exercício da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe), Ricardo Essinger.
Segundo ele, os aumentos constantes na conta de luz vão levar o Brasil a ter a energia mais cara do mundo. “O modelo elétrico do Brasil está cheio de puxadinho. Isso tira a competitividade dos custos da indústria”, lamenta.
A estimativa de aumento de 43,6% não inclui o reajuste anual da conta de energia que entra em vigor no dia 29 de abril para os consumidores pernambucanos. “Esse reajuste de 43,6% traz um impacto muito alto para a indústria, principalmente nas empresas eletrointensivas. A tarifa de luz pode representar até 30% dos custos de produção dessas companhias”, explica a especialista em Competitividade Industrial do Sistema Firjan, Tatiana Lauria.
Ainda de acordo com a Firjan, o custo médio da energia elétrica para a indústria brasileira passou de R$ 402,2 por MWh para R$ 403,8 por MWh em fevereiro último apenas com a cobrança da bandeira vermelha, que estabelecia um repasse de R$ 3 para cada 100 quilowatt-hora (kWh). A expectativa é de que o valor da bandeira vermelha aumente 83% na conta de março, quando os consumidores também pagarão um percentual a mais para compensar a energia comprada das térmicas.
Num ranking feito pela Firjan, o Brasil tem a 6ª mais cara energia entre 28 países com o megawatt-hora (MWh) por R$ 403,8. Com base nos dados de 2014, os países que têm a maior tarifa (também por MWh) são: Índia (R$ 596,96), Itália (R$ 536,14), Singapura (R$ 459,38), Colômbia (R$ 414,1) e República Tcheca (R$ 408,91). “O País tem que repensar o seu modelo energético, refazendo o mix das geração para não dependermos tanto da água e chegarmos a uma tarifa mais baixa”, resume Tatiana. Ela argumenta que a alta da energia pode implicar em menos empregos na indústria.