Em reação às demissões das últimas semanas, trabalhadores do setor naval preparam um grande protesto para a próxima quarta-feira em vários Estados onde os estaleiros estão red
Localmente, a expectativa é de que mais demissões ocorram depois que o EAS pediu o rompimento do contrato com a Sete Brasil, empresa criada pela Petrobras para administrar as sondas que seriam usadas na exploração do pré-sal. A Sete Brasil apareceu nas investigações da Operação Lava Jato, que apura um esquema de desvio de dinheiro envolvendo diretores da Petrobras, empresas e políticos.
“Um levantamento mais acurado indica que as demissões por causa do rompimento do contrato com a Sete podem envolver 850 funcionários que trabalham diretamente relacionadas à produção das sondas”, disse, ontem, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Pernambuco, Henrique Gomes. Anteontem ele afirmou que o rompimento do contrato afetaria os 250 trabalhadores que operavam somente na linha de produção das sondas.
O EAS forneceria sete sondas à Sete Brasil, num contrato cujo valor é de US$ 6 bilhões (cerca de R$ 17,4 bilhões). O contrato foi rompido, segundo o EAS, pela inadimplência da Sete Brasil, que também não recebeu um empréstimo do Banco Nacional de Desenvolvimento Social e Econômico (BNDES) porque apareceu como envolvida na Lava Jato.
Também ocorrerão protestos nas proximidades dos estaleiros localizados no Rio de Janeiro, Bahia, Espírito Santo e Rio Grande do Sul, que também fabricavam sondas. “O problema é nacional. Cerca de 20 mil pessoas foram demitidas no setor naval de 2014 até agora”, conta Gomes. No EAS, segundo cálculos do sindicato, foram demitidos 500 trabalhadores, entre agosto e dezembro últimos e mais 200 desligamentos ocorreram nos dois primeiros meses deste ano. Atualmente, o EAS tem 4,8 mil funcionários.
“A situação é muito crítica. Cerca de 90% das encomendas do setor naval foram feitas pela Petrobras (incluindo as subsidiárias)”, comentou o presidente do Sindicato da Indústria Metal Mecânica de Pernambuco (Simmepe), Alexandre Valença.
Um levantamento feito pelo Sindicato dos Metalúrgicos de vários Estados indica que a construção de sondas emprega 1,5 mil trabalhadores na Bahia; 1 mil pessoas no Rio Grande do Sul; 450 funcionários no Espírito Santo e 1,2 mil pessoas em Angra dos Reis.
Além de protestar contra as demissões, o sindicato de trabalhadores local vai pedir que o EAS faça uma reclassificação funcional de 428 funcionários que estão recebendo um salário menor por desvio de função.