NEGÓCIOS

Setor de e-commerce cresce em todo o País

Nordeste será a prioridade para o segmento, que ignora a crise econômica

Mona Lisa Dourado
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Mona Lisa Dourado
Publicado em 27/02/2015 às 6:00
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Nordeste será a prioridade para o segmento, que ignora a crise econômica - FOTO: Divulgação
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A despeito da conjuntura macroeconômica no País, o setor de e-commerce ignora a crise e demonstra otimismo com 2015. Isso depois de superar as expectativas de crescimento em 2014, com alta de 24% nas vendas em relação a 2013, quatro pontos percentuais a mais que o estimado, segundo a E-bit.

Pesquisa encomendada pelo MercadoLivre ao Ibope Conecta confirma esse comportamento ascendente do comércio eletrônico no Brasil. Entre 520 empreendedores entrevistados via questionário online, 85% acreditam que o setor seguirá crescendo este ano, com resultados superiores a 25% segundo um terço deles. Os outros dois terços apostam em alta de até 20%. "O setor representa apenas 4% do varejo total. Ainda temos muitas oportunidades", analisa o diretor-geral do MercadoLivre para o Brasil, Helisson Lemos.

Com o Sudeste praticamente saturado - após apresentar crescimento de 75% em 2014 -, o Nordeste é a região que mais deve se beneficiar da avidez pelas compras online. Para 61% dos entrevistados que planejam ampliar suas vendas, o Nordeste é a bola da vez. No ano passado, a região ficou em segundo lugar, registrando aumento de 9% no consumo virtual.

"Trata-se de uma região populosa, onde tem ocorrido uma melhoria na distribuição de renda. Outro fator a considerar é que a maior utilização da plataforma e o ganho de escala tornam os custos do frete mais competitivo, o que atrai cada vez mais os clientes", diz Lemos. "O Sudeste já está plenamente ocupado, tendo o melhor resultado de 2014. A próxima região em termos populacionais é o Nordeste, onde há mais potencial para conquista de novos internautas e compradores online", completa a diretora-executiva do Ibope Conecta, Laure Castelnau.

As razões apontadas pelos vendedores do MercadoLivre para o crescimento do setor no Brasil também valem para o Nordeste em particular. São elas: aumento da penetração da internet no Brasil (72%), aumento da segurança e confiança no modelo de compra e venda online (63%) e aumento do número de usuários de smartphones e tablets (58%). Para Laure, aliás, o impulso dos dispositivos móveis é fundamental para que mais brasileiros acessem a rede e adotem o e-commerce. Hoje, a penetração da web no País, segundo dados do Ibope, é de 52%.

Não por acaso, quando se fala de produtos, as categorias mais populares são as de eletrônicos, áudio e vídeo (34%) e informática (27%). Em seguida, vêm acessórios para veículos (25%), celulares e telefones (24%), casa, móveis e decoração (15%).

Embora a situação política e econômica do País não seja relevante para a maioria dos entrevistados, 12% deles apontam a piora dos indicadores brasileiros, o aumento de tributos e a alta do dólar como justificativa para uma postura menos animada em relação aos demais empreendedores. Na opinião desse grupo, o e-commerce ficará estável este ano.

PERFIL

Do total de vendedores online que responderam à pesquisa, quase metade tem entre 26 a 35 anos. Já em relação ao faturamento anual, 29% estão na faixa dos R$ 250 mil a R$ 500 mil; 19%, entre R$ 501 mil e R$ 1 milhão e 12%, acima de R$ 1 milhão. Chama atenção o fato de que 70% deixaram seu trabalho anterior para se dedicar às vendas online, passando posteriormente a se converterem em empresas.

Um dos pioneiros na América Latina em promover a aproximação entre compradores e vendedores online, o MercadoLivre completou 15 anos em 2014 com muito a comemorar. Segundo Lemos, o ano passado foi o melhor da companhia desde a sua criação.

A receita líquida em dólares atingiu US$ 556,5 milhões, o que representou uma alta de 17,8% comparado a 2013. A quantidade de itens vendidos durante o ano, por sua vez, foi de 101,3 milhões, um crescimento de 22%. No caso do MercadoPago - um dos serviços disponibilizados para facilitar pagamentos na plataforma -, o aumento foi de 46,7% ante 2013, atingindo 46,3 milhões de transações.

"O Brasil impulsionou grande parte do crescimento de 2014. Cada uma das unidades de negócios tem crescido acima das expectativas", comenta o vice-presidente de Operações do MercadoLivre, Stelleo Tolda. Como é listada na Nasdaq desde 2007, a companhia não divulga dados regionais. No entanto, de acordo com Tolda, o País responde por 50% a 60% dos resultados globais do MercadoLivre.

Por causa da valorização do dólar na Venezuela, na Argentina e, mais recentemente, no Brasil, o volume total comercializado na plataforma registrou no quarto trimestre do ano decréscimo de 16% na moeda americana em comparação ao mesmo período de 2013, atingindo uma cifra de US$ 1,7 bilhão. "Em moedas locais, isso representa uma alta de 85%. A questão é que a variação cambial acaba afetando o resultado financeiro em dólares", justifica Tolda.

Para respaldar-se, o executivo cita também o lucro líquido da companhia no último trimestre do ano, que foi de US$ 33,8 milhões, aumento de 15,8% em dólares e 114,2% em moedas locais sobre 2013. De acordo com a empresa, até mesmo a unidade de negócios MercadoEnvios, lançada no quarto trimestre, já é responsável pelo envio de 35% dos itens comercailizados no Brasil e de 14% na Argentina.

Outra novidade do período foi a incorporação de 545 lojas oficiais para grandes marcas dentro da plataforma MercadoLivre. Entre elas, 175 no Brasil, como RicardoEletro, Polishop e Fila.

START UP
A aposta do MercadoLivre no mercado de tecnologia nacional ainda se dá através do investimento em start ups, desde que tenham como característica a oferta de sistemas que auxiliem os vendedores da plataforma no seu dia a dia ou facilitem o acesso a financiamentos para o seu fluxo de caixa. Quatro empresas no País (Intoo, 00K, AirCRM e Ecommet) e outras 12 da América Latina já recebem recursos com US$ 10 milhões para este fim. Cada uma recebe entre US$ 50 mil e US$ 100 mil.

Stelleo Tolda reforça que as projeções de crescimento do PIB e da inflação no Brasil em 2015 não preocupam a companhia. "Nosso crescimento não está atrelado apenas a fatores macroeconômicos, mas à mudança de comportamento do brasileiro, com adoção de novas tecnologias e ingresso no comércio eletrônico. Some-se a isso o fato de as pessoas estarem preferindo cada vez mais o mercado online. Há um potencial muito grande aí", garante.

Sobre a concorrência representada por players como o OLX, Helisson Lemos diz que a empresa a encara com "naturalidade". "Quando iniciamos como plataform a de leilões tínhamos 40 concorrentes e ainda assim nos consolidamos. Hoje, são 120 milhões de usuários, graças ao nosso marketing forte, visão de longo prazo e tecnologia robusta." Este ano, diz, o foco é ampliar serviços para os demais países, seguir investindo em mobile e na ampliação de lojas oficiais, além de reforçar a atenção ao cliente.

 

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