Depois dos aumentos que entraram em vigor este ano, a indústria brasileira passou a ter a energia mais cara entre os 28 países que fazem parte do estudo Quanto Custa a Energia Elétrica, realizado pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan). O megawatt-hora (MWh) custa, em média, R$ 543,90 para o setor no Brasil, sendo superior em 111,2% a média do preço cobrado pelas nações citadas no levantamento. Das fábricas de plástico às que produzem alumínio, todas estão se adequando à nova realidade.
“De janeiro a março, ocorreu um aumento de 9% na conta de energia, que corresponde a 30% dos nossos custos. Ainda não sentimos o último aumento que chegará com a conta deste mês. Por enquanto, a solução foi diminuir a margem de lucro. Não conseguimos repassar isso para os clientes por causa da crise”, conta o presidente do Sindicato da Indústria de Material Plástico do Estado de Pernambuco, Walter Câmara. Ele dirige uma fábrica instalada em Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife, e alega que não há mais como reduzir o consumo porque já “fez o dever de casa com relação à eficiência energética”.
O problema da energia, segundo ele, não está apenas no preço. “Os equipamentos são sensíveis às oscilações de energia que são constantes, chegando a desligá-los. Isso significa reiniciar todo o processo, o que implica em uma a duas horas de paralisação na produção, além da perda da matéria-prima que estava no maquinário”, afirma.
Algumas empresas do setor de plástico estão diminuindo a produção por causa do preço da energia. O mesmo ocorre com o setor de alumínio.
A produção de alumínio primário (aquele obtido direto da matéria-prima) teve uma redução de 26,20% em 2014 e isso foi antes da onde aumentos de 2015. “Nos últimos 12 anos, o preço da energia aumentou, em média, 10% para os produtores de alumínio. Nos custos totais de produção, a energia representa 30% das nossas despesas na média mundial. No Brasil chega a 60%. Em 2014, importamos mais alumínio do que exportamos”, desabafa o presidente executivo da Associação Brasileira do Alumínio (Abal), Milton Rego.
“É uma situação complicada. A produção da indústria está sendo limitada pelo aumento do preço da energia. No entanto, é a produção que gera emprego e renda num momento em que o consumo está encolhendo”, resume o presidente em exercício da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe), Ricardo Essinger. Para ele, há um desmantelo no setor elétrico. “Falta segurança jurídica, melhorar a regulação e decisão política. Se o preço da energia baixasse por decreto seria baixo em todo o mundo”, critica, se referindo à Lei 12.783 que considera um grande equivoco. E conclui: “O que o governo federal tem que fazer é planejar para resolver o problema em 10 anos”.