A crise provocou o aumento da inadimplência dos clientes da Companhia Energética de Pernambuco (Celpe) atingindo 5,66% dos consumidores nos primeiros seis meses deste ano. Historicamente, a média era de 2,66%, mas passou para 3,67% de janeiro a junho de 2014. O atual foi um dos mais altos percentuais registrados pela distribuidora no primeiro semestre de um ano, perdendo apenas para o mesmo período de 2005 (5,90%) e 2010 (5,88%). “Com a crise, o consumidor está fazendo rodízio para pagar as contas”, diz o novo presidente da Celpe, Antonio Carlos Sanches, que está à frente da distribuidora há três meses. A empresa planeja investir mais R$ 250 milhões até o final de 2015, totalizando um investimento recorde de R$ 505 milhões anuais.
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“A crise está batendo na porta da empresa por causa da inadimplência. Algumas pessoas podem perder o emprego e fazer uma fraude para continuar com energia e isso afeta a Celpe. No entanto, a crise não vai afetar o nosso plano de negócios”, afirma Sanches. Ele argumenta que se a empresa não investir, pode ter problemas mais sérios em cinco anos, defendendo o investimento como necessário para “a empresa estar preparada, quando a demanda voltar a crescer mais.
O consumo de energia deve crescer 5% este ano no Estado. “O crescimento está abaixo das nossas expectativas. Pernambuco está numa situação boa, os outros Estados não estão nesse ritmo. O setor que ficou mais abaixo (da expectativa) foi o industrial”, conta Sanches. No primeiro semestre de 2015, ocorreu um aumento de 4,4% do cliente residencial, 10% no comercial e 2,3% na indústria, comparando com 2014. No mesmo período, o consumo na iluminação pública caiu 3%.
Os recursos do investimento serão empregados em várias iniciativas para deixar a rede da Celpe mais robusta, como 150 quilômetros de novas linhas de transmissão, a instalação de 13 subestações, modernização da rede existente (incluindo automação em algumas linhas) e manutenção, incluindo a substituição de 15 mil isoladores, 4 mil postes e 2 mil transformadores. As subestações vão demandar R$ 90 milhões e serão implantadas até 2016, sendo cinco no Grande Recife e oito nas demais regiões. “As 13 subestações seriam implantadas num prazo de cinco anos.Resolvemos antecipar para dois anos”, comenta.
De acordo com Sanches, o investimento vai permitir, por exemplo, o religamento de uma linha à distância, caso um galho de uma árvore tenha derrubado uma parte da fiação e provocado a falta de energia. Ele atuou por mais de 10 anos com consultoria em gestão em empresas como Grupo Wheaton Brasil Vidros, SSA Global Technologies, O Boticário, Arthur D. Little, Price Waterhouse Coopers e Pirelli, entre outras.
O faturamento da Celpe foi de 4,7 bilhões em 2014. A empresa tem 8,4 mil colaboradores, entre funcionários e terceirizados, e 3,4 milhões de clientes.