Pelo menos três escolas profissionalizantes do Serviço Nacional da Indústria (Senai) terão a sua implantação comprometida, caso se concretizem os cortes de 30% no orçamento do Sistema S mais uma redução de 20% da receita em função da crise, segundo o diretor regional do Senai em Pernambuco, Sérgio Gaudêncio Portela de Melo. A redução de 30% foi anunciada na última segunda-feira como uma das medidas do ajuste fiscal do governo federal que pretende aumentar as receitas da União. Já a redução de 20% faz parte de uma projeção feita pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) para 2016 baseada na redução de vagas de trabalho na indústria.
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O Sistema S arrecada recursos sobre a folha de pagamento das empresas. A crise provocou uma redução no número de trabalhadores, resultando numa arrecadação menor. “Este ano, já houve uma diminuição de 15% na arrecadação devido as demissões na indústria pernambucana”, conta Gaudêncio. O setor fechou 47 mil postos de trabalho em 2015 só em Pernambuco.
As escolas que podem ser atingidas pelos cortes do orçamento são a de Goiana, na Mata Norte, a de Ipojuca e de Jaboatão. A primeira formaria mão de obra técnica para o setor automotivo, de fabricação de vidros e de hemoderivados, demandando um investimento de R$ 37 milhões. Goiana tem instalada uma montadora da Jeep. No local, estava sendo feita a terraplenagem do terreno. A de Ipojuca seria implantada em parceria com a PetroquímicaSuape e formaria técnicos para o setor têxtil sendo empregados R$ 23 milhões na sua implantação. Esse empreendimento está embrionário na fase de colocação dos alicerces. E, por último a de Jaboatão que vai preparar técnicos para os segmentos de construção civil, ferroviário, gráfico e segurança do trabalho, quando for concluída. Nessa última, serão necessários mais R$ 10 milhões para concluir as obras civis orçadas em R$ 37 milhões.
Os cortes de orçamento do Senai vão resultar numa mão de obra menos qualificada para o setor, segundo o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe), Ricardo Essinger. “Quem vai ser mais prejudicada é a população que precisa dessa qualificação, inclusive para ter acesso ao emprego”, lamenta o empresário. E complementa: “Os egressos do Senai tem uma empregabilidade acima de 90%. Isso comprova que os nossos alunos sabem o que estão fazendo”. Numa estimativa inicial, deixarão de ser feitas 2,9 mil matrículas nos cursos gratuitos do Senai, caso ocorra o corte de 30%.
Um dos problemas do Brasil é a baixa produtividade do trabalhador. “Vai baixar mais ainda sem a qualificação profissional”, atesta Essinger. A Fiepe não divulgou estimativas com o impacto que o corte terá nas entidades do Sistema S ligadas à indústria e só vai fazer esse cálculo, quando a Medida Provisória (MP) chegar ao Congresso com o corte definido pelo governo federal.
Ontem, a Fiepe divulgou uma nota de protesto “contra qualquer corte nos investimentos destinados à educação profissionalizante, argumentando que a decisão pune apenas os contribuintes “na inconsequente busca de soluções meramente políticas para uma crise de governança”.