CRISE

Pressão nos custos e queda na demanda fecham bares e restaurantes em Pernambuco

Levantamento da Jucepe mostra que 600 estabelecimentos já encerram operações em 2015

Da editoria de economia
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Publicado em 24/09/2015 às 8:00
Foto: Pri Buhr/acervo JC Imagem
Levantamento da Jucepe mostra que 600 estabelecimentos já encerram operações em 2015 - FOTO: Foto: Pri Buhr/acervo JC Imagem
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Um levantamento da Junta Comercial de Pernambuco (Jucepe) mostra em números o que empresários e consumidores já vêem sentido desde o início do ano. De um total de 13.464 empresas extintas no Estado em 2015, até agora, 608 são das categorias que englobam restaurantes, bares, lanchonetes, cafés, padarias e afins.

A retração do consumo e a alta generalizada dos preços – sobretudo combustível, mão de obra e energia elétrica – têm forçado empresários a fecharem as portas. Quem continua no mercado está fazendo ajustes para cortar gorduras e racionalizar a gestão.

De fato a conta fora de casa ficou mais salgada. Segundo o IBGE, a inflação (IPCA) da alimentação fora do domicílio subiu 7,37% no acumulado deste ano no Recife. Os lanches, especificamente, ficaram 11,31% mais caros. 

Um dos estabelecimentos mais conhecidos que estão na lista dos que jogaram a toalha é o Pin Up, no Pina, Zona Sul do Recife. O gerente, Augusto Caetano, calcula que o faturamento caiu em torno de 30%. A burgueria, com cerca de 20 funcionários, encerra as operações no fim do mês.

Caetano salienta que manter o serviço ficou muito caro e que o mercado de burguerias tem sido impactado pela concorrência da febre dos food trucks – uma concorrência desleal na avaliação dele.

O empresário Cristiano Falcão, do Grupo Guaiamum Gigante, com oito estabelecimentos, também um bom termômetro do que vem acontecendo.

“A retração é muito grande. Nos fins de semana, o movimento continua legal, mas, de segunda a quarta, praticamente todos os restaurantes estão vazios”, diz. O jeito tem sido apostar nas promoções para atrair a clientela. 

Falcão reforça que está difícil pagar as contas: garçom, cozinheiro, segurança, aluguel, alimentação, passagem, insumos, encargos, tributos. Como consequência, nenhuma das unidades do grupo abre mais no domingo à noite nem de segunda a quinta na hora do almoço. 

“Em alguns meses, a conta fecha. Em outros, não. Uma casa vai suprindo a outra. Estamos esperando dezembro para reavaliar os resultados”, acrescenta.

O presidente da Associação dos Bares e Restaurantes de Pernambuco (Abrasel-PE), Núncio Natrielli, calcula que os 600 estabelecimentos fechados neste ano somam cerca de 30 mil demitidos, levando em consideração uma média de cinco funcionários por empresa. “Isso já era esperado, temos que ser realistas”, resume.

“Tudo aumenta, mas você não pode repassar o aumento. O jeito é cortar gordura, não tem outra matemática”, avalia. Em sua rede, que leva seu sobrenome, o empresário passou, por exemplo, a fazer compras diretamente na Ceasa em vez de recebê-las no restaurante.

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