Entrevista

"Muita gente descobriu a crise este ano", diz presidente da Unilever Brasil

Fernando Fernandez diz que empresa está fazendo mais com menos

Adriana Guarda
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Adriana Guarda
Publicado em 15/10/2015 às 7:05
Edmar Melo/JC Imagem
Fernando Fernandez diz que empresa está fazendo mais com menos - FOTO: Edmar Melo/JC Imagem
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No Brasil desde 2011, o argentino Fernando Fernandez se diz otimista com a recuperação da economia. Economista formado pela Universidade de Buenos Aires, o presidente da Unilever Brasil comenta nesta entrevista que a crise foi descoberta tardiamente por algumas empresas e que a Unilever está fazendo mais com menos

Jornal do Commercio - Em um ano de crise, a Unilever anuncia investimento de R$ 600 milhões em Pernambuco e inaugura fábrica de R$ 500 milhões em São Paulo. A companhia está enfrentando a crise mirando uma perspectiva de longo prazo?

Fernando Fernandez - A Unilever está no Brasil há 87 anos e já enfrentamos momentos como hiperinflação, hiperdesvalorização e ditadura. Este ano estamos vivendo uma situação atípica, mas seguimos confiantes em relação ao potencial brasileiro, que tem uma população de 200 milhões de pessoas com nível de renda média e estamos convencidos de que no médio e longo prazo vai voltar a crescer. Temos uma posição no mercado e um portfólio que nos permite enfrentar essa crise em melhor situação do que muitos dos nossos concorrentes. Esses investimentos em Pernambuco e em São Paulo mostram que a Unilever segue pensando no longo prazo e não nos próximos 6 meses.

JC - A empresa vinha crescendo a dois dígitos no mercado brasileiro nos últimos 3 anos. Essa expansão vai arrefecer para um dígito ou será negativa por conta da recessão?
Fernandez - Apesar da crise ainda estamos crescendo no Brasil. Não posso falar os números porque somos uma companhia aberta, mas não será negativo. Estamos crescendo acima de outros mercados porque nossos setores são mais resistentes à crise, com produtos mais essenciais e que não depende tanto de crédito. As pessoas podem trocar os produtos por uma marca mais econômica, mas não deixam de consumir. Pessoas que ascenderam na nova classe média e passaram a comprar determinadas categorias de produtos não vão retroceder. Temos uma oferta grande no portfólio, com várias marcas. Somos uma companhia democrática e estamos presentes em 100% dos lares brasileiros. E temos um grande alcance geográfico, nas grandes redes e nas lojinhas de vizinhança.

JC - Um cenário de crise exige que as empresas sejam mais eficientes. Que estratégias a Unilever tem adotado?
Fernandez - Muita gente descobriu a crise este ano. Nós já estávamos trabalhando com um potencial cenário de desaceleração da economia há vários anos. A palavra produtividade já está muito presente em nossa cabeça. Há alguns anos estamos trabalhando para melhorar nosso processo de produção, distribuição e retorno de investimento de nossas marcas. Nossa meta é fazer constantemente melhorando processo produtivo e de distribuição. Nossa meta é fazer mais com menos.

JC - Como economista, o senhor acredita que a crise será longa?
Fernandez - O Brasil já enfrentou crises muito piores. Os ajustes econômicos precisam ser feitos, porque a “festa” foi muito longa. As questões políticas também precisam ser resolvidas. Esperamos que os agentes políticos queiram fazer um Brasil melhor. Por isso estamos aqui e seguimos investindo, acreditando que esses problemas sejam de curto prazo.

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