O raspa-raspa entrou na era sustentável e está chegando as ruas do Recife num formato mais moderno, produzido pela empresa Ecoraspa. São carrinhos (similares aos usados por vendedores de sorvetes) e triciclo que usam a radiação solar para gerar a energia consumida quando estão em funcionamento e, ainda de quebra, oferecem a oportunidade do cliente carregar o celular. Os equipamentos estão sendo feitos artesanalmente pelo inventor Josué Cipriano de Oliveira que comprou modelos existentes no mercado e fez as adaptações necessárias para que esses equipamentos produzissem a sua própria energia. “A nossa intenção é mudar o paradigma, criar novas formas de comércio ambientalmente mais corretas”, resume.
Tanto nos carrinhos como nas bikes, a placa fotovoltaica gera a energia usada na máquina que vai triturar o gelo e também é utilizada para iluminar o próprio equipamento, quando é necessário. “O carrinho fica mais estacionado, enquanto a bicicleta tem mais mobilidade. Durante o dia, vão gerando a energia que é acumulada numa bateria com uma autonomia de até oito horas, caso deixe de ser gerada a energia por falta de sol”, explica Cipriano.
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Já foram fabricados três equipamentos, sendo dois carrinhos e um triciclo. O inventor está concluindo a “fabricação” de mais um triciclo. “Este terá um motorzinho usado em bicicletas elétricas que funcionará apenas com a energia solar. Isso vai permitir ao usuário se cansar menos para percorrer distâncias maiores”, conta Josué.
A intenção da empresa é começar a fazer franquias dos equipamentos que custam, em média, R$ 20 mil. “Queremos atender os clientes interessados nesse conceito de food bikes (bicicletas que vendem pequenos alimentos)”, afirma. Os sócios da Ecoraspa estão planejando fazer um triciclo para vender chopp.
A inovação da Ecoraspa não está apenas em usar energia solar nos equipamentos. O gelo usado para fazer o raspa-raspa é em cubos e a trituração dele é feita por um triturador, quando a maioria dos similares na cidade raspam o gelo manualmente. “É um produto antigo com uma formulação nova”, diz o também sócio da Ecoraspa, Francisco Cavalcanti. Neste primeiro momento, os próprios sócios estão vendendo o raspa-raspa em eventos, casamentos, festas de aniversário, entre outros. Eles investiram cerca de R$ 50 mil desde 2013, quando surgiu a primeira ideia de fazer as bicicletas sustentáveis para vender o produto.
O custo do investimento só não foi maior porque eles aproveitaram carrinhos e bicicletas que já pertenciam aos sócios da empresa. Por exemplo, Josué Cipriano tem uma pequena sorveteria e adaptou dois carrinhos que eram do empreendimento.
“A aceitação está sendo muito boa”, diz Francisco. A empresa vai expor na Feira Internacional de Embalagens, Processos e Logística para Indústrias de Alimentos e Bebidas (Fispal) que será realizada em novembro próximo. Cada vez que um dos equipamentos participa de um evento são vendidos entre 50 e 80 raspa-raspas ao custo unitário de R$ 2.
Outro fator interessante é que cada um dos sócios trabalha também em outra atividade, como o inventor do equipamento Josué Cipriano de Oliveira que tem uma pequena sorveteria e também fabrica alguns xaropes usadas no preparo do raspa-raspa. Tanto na bicicleta como nos carrinhos, o armazenamento do xarope é resfriado pelo gelo. “Isso evita a fermentação que poderia ocorrer com a temperatura alta da rua”, afirma Josué. Os quatro sócios da Ecoraspa têm outras atividades da qual tiram o seu sustento.
O inventor Josué Cipriano nem de longe lembra o professor Pardal mas já fez de poste movido a energia solar até barco que também usa o motor que usa a energia gerada por uma placa fotovoltaica. “Foi a primeira embarcação pernambucana que usou esse tipo de energia”, conta. Ele chegou a comercializar dois pequenos barcos desse tipo para o Espaço Ciência.
“O que eu gosto mesmo é de inventar”, diz. Embarcação ele só faz sob encomenda e argumenta que vai fazer uma parceria com os professores de uma faculdade para aperfeiçoar o equipamento. “O custo do combustível e da energia estão altos. A energia gerada pela radiação solar é a solução, inclusive por não produzir poluição”, diz. Ele concluiu somente o segundo grau e depois disso fez cursos técnicos de elétrica, refrigeração industrial, entre outros.